CENÁRIO RUIM

LDO apresentada por Zema traz dívida em alta e déficit de R$ 3,7 bilhões em 2025

Em mensagem, governo comemora números melhores que no ano passado, mas diz que Minas segue em situação de alerta

Por Hermano Chiodi
Publicado em 22 de maio de 2024 | 18:36
 
 
 

A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 (LDO), apresentada pelo governador Romeu Zema (Novo) aos deputados, prevê um déficit de R$ 3,7 bilhões e uma dívida esbarrando em R$ 200 bilhões nos próximos três anos. O valor equivale a  169% de tudo que o Estado arrecada e está acima do limite de 120%, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. 

O projeto com a norma foi lido no plenário da Assembleia Legislativa, na terça-feira (21/5). Na mensagem enviada aos parlamentares junto com a LDO, o vice-governador Mateus Simões (Novo) alerta que a situação, que não é boa, poderia piorar se o governo não conseguir avançar nas negociações para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) ou encontre um outro modelo para quitar seus débitos com a União.

“A projeção de crescimento da Dívida Consolidada Líquida, cujas metas foram estabelecidas nos montantes de R$ 190,309 bilhões para 2025, R$ 202,044 bilhões para 2026 e R$ 211,373 bilhões para 2027. Tal crescimento decorre, conforme explicitado anteriormente, da premissa de pagamentos parciais dos serviços da dívida, seguindo o regramento da Lei Complementar nº159/2017”, diz a mensagem de Mateus Simões.

O ponto positivo identificado pelo governo do Estado ficou por conta de uma diminuição no déficit do governo. “O déficit orçamentário previsto para o próximo exercício é de R$ 3,747 bilhões, frente aos R$ 8,089 bilhões projetados na Lei Orçamentária de 2024, de modo que a redução estimada é da ordem de 53%. Contudo, permanece o desafio de se equacionar os gastos públicos à previsão da arrecadação”, avalia o governo.

A despesa projetada para 2025 é de R$ 133,2 bilhões, frente aos R$ 122,5 bilhões previstos na LOA 2024. Os principais gastos são com o pagamento de pessoal e encargos sociais (R$ 78,6 bilhões); despesas constitucionais (R$ 12,9 bilhões); e o pagamento do serviço da dívida (R$ 7,5 bilhões). Entre as receitas, a principal fonte de recursos indicada pelo governo é a cobrança do ICMS, com quase R$ 50 bilhões previstos no orçamento.

Para o professor de direito administrativo do Ibmec, Leonardo Spencer, não é possível definir, através da LDO, se vai ou não faltar dinheiro para uma ou outra área. Segundo ele isso ficará claro na Lei Orçamentária Anual, que será enviada à Assembleia no segundo semestre.

“É uma previsão e está vinculada ao Plano Plurianual, que é elaborado para o intervalo de quatro anos. Funciona mais como um manual para elaboração do orçamento, que é formalizado com a Lei Orçamentária Anual, a LOA. A LDO mostra um cenário, mas a definição das áreas que irão ter recursos e as áreas que não terão recursos dentro do orçamento só será definido depois”, explica.

A LDO é feita com base em previsões de aumento de inflação, taxa de juros e variações de câmbio. Considerando estes valores, o governo prevê crescimento de dívidas e receitas na casa de 4% nos próximos três anos. Na assembleia, oposição e governo ainda não comentaram os números apresentados pela administração estadual.

Comparação

A LDO de Belo Horizonte também foi apresentada nesta semana e também trouxe uma previsão de déficit orçamentário para 2025, de R$ 77 milhões. Porém, a situação na capital mineira é menos desesperadora. A dívida na capital mineira corresponde a 4,45% das receitas correntes líquidas, enquanto no Estado este percentual está em 169%. “Em Belo Horizonte temos uma situação equilibrada com uma relação saudável entre endividamento e receitas”, destaca Bruno Passeli, subsecretário de Planejamento e Orçamento da prefeitura da capital.

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