Em entrevista exclusiva a O TEMPO, a secretária adjunta de Estado de Comunicação Social, Bárbara Botega, faz balanço das ações da pasta, criada em 2023, admite gargalos que dificultam o diálogo com o cidadão mineiro e projeta metas a partir da ampliação de recursos para a área. 

O TEMPO - A Secretaria de Comunicação está entre as pastas criadas em 2023 pela reforma administrativa do governo Zema. Desde então, quais foram as principais conquistas da pasta, na sua avaliação?

Bárbara Botega: "Eu entendo que a criação da secretaria foi importante porque a comunicação passou a ser vista como, de fato, relevante e estratégica para o governo de Minas. É preciso saber comunicar bem para que o cidadão – que é para quem a gente presta serviço – tenha acesso ao que é feito pelo Estado e consiga, de fato, usufruir de tudo. É um trabalho de bastidor, entendendo o trabalho de todas as secretarias para apresentar isso da maneira mais palpável possível para o cidadão. Passamos a trabalhar com metas, métricas, números. Isso fez com que o trabalho deixasse de ser embasado pelo achismo. Pensamos sempre de maneira estratégica em como a gente pode, no final das contas, melhorar a vida dos mineiros através do processo de comunicação. Temos desde a parte de serviço até a missão de apresentar o Estado de Minas Gerais com campanhas de turismo, de atração de investimentos." 

O TEMPO - E qual tem sido o retorno desse trabalho para Minas?

BB: "Quando a gente apresenta o Estado em encontros de negócios ou em missões internacionais, que têm um caráter eminentemente de atração de investimentos, mostramos tudo o que o governo já fez em termos de diminuição de burocracia, um Estado que é aberto ao empreendedor. A gente tem números e resultados indiscutíveis: o governo Zema atraiu mais de R$ 400 bilhões em investimentos privados para Minas. Isso é emprego e desenvolvimento para o Estado inteiro. E, quando a gente entende que a segurança de Minas Gerais está entre as melhores do país, isso dá conforto para o investidor. A segurança também traz conforto para quem busca experiências de turismo e quer, obviamente, andar na rua se sentindo seguro. Temos a oportunidade de apresentar Minas como um destino. Nós de Minas costumamos buscar o mar quando viajamos, mas 70% dos turistas do mundo não buscam a praia e o litoral para descansar. Então, a gente tem um papel de apresentar essas muitas possibilidades de experiência que Minas Gerais oferece para uma diversidade de turistas enorme. A gente tem uma cozinha mineira riquíssima. Isso tudo atrai as pessoas para o nosso Estado, mas também gera um sentimento de pertencimento e de orgulho para o mineiro." 


O TEMPO - E qual é, ainda hoje, o principal gargalo na comunicação do governo com o cidadão?

BB: "Temos melhorado. Mas temos que lembrar que Minas Gerais é um 'país', é muito grande. Temos problemas muito diferentes em diversas regiões. Ao passo que o Norte de Minas se aproxima da realidade da Bahia e do Nordeste, temos o Sul de Minas, que se aproxima mais de São Paulo, e, por isso, as informações são construídas de maneira diferente. Precisamos entender isso para atuar de maneira assertiva em cada uma das regiões. Esse é um gargalo importante, mas o relacionamento com a imprensa é crucial para que as informações cheguem ao Estado inteiro. Conseguimos aumento no orçamento da Comunicação para que isso seja possível e para que a gente alcance resultados ainda melhores. A partir deste ano, vamos conseguir executar isso de maneira mais perene e linear. E o governo vem pagando as dívidas – e é bom lembrar que ele não contraiu nenhum real de dívida. Esse ajuste econômico, essa gestão muito bem feita pelo governador Romeu Zema e (pelo vice-governador) Mateus Simões, trabalhando centavo a centavo, (...) é o que nos possibilitou esse aumento orçamentário." 

O TEMPO - Ainda sobre os recursos para a pasta, o presidente Lula homologou o plano que conclui a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal, que cria condições especiais para o pagamento da dívida com a União. A medida terá impacto direto na Secretaria de Comunicação?

BB: "Claro, não tenho dúvida alguma. Essa homologação é uma vitória, obviamente. Estamos muito felizes e esperando o Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag), que vai ser mais um passo para conseguirmos entrar no ritmo. Estamos no caminho certo de avanço e, com o Propag, vamos ter a segurança jurídica necessária para poder traçar todos os projetos dentro do Estado.

O TEMPO - Na sua avaliação, esse cenário favorece a imagem de Minas, principalmente junto a investidores? 

BB: "Sem dúvida. Ninguém quer investir em um lugar que traga insegurança jurídica, onde a regra do jogo pode mudar no meio da partida, isso é muito ruim. Obviamente, agora, a homologação é um sinal ainda mais firme de que a gente não está mais dependendo de liminar de um ou outro ministro. Estamos mais tranquilos em relação à situação, o que contribui para a estabilidade que temos que mostrar aos investidores."

O TEMPO - Estamos a menos de dois meses do Carnaval. Como a imagem do Estado será trabalhada para a folia?

BB: "Desde o ano passado, a gente tem atuado para voltar ao equilíbrio de receber muitos turistas em BH, capital e ponto de entrada do Estado, mas também levar turistas para as cidades históricas – no que a gente chama de Carnaval da Liberdade e também divulgando o Carnaval da Tranquilidade, com lagos, rios, circuito de vilas e fazendas, que é para quem quer sossego. Continuamos com a diretriz máxima de descentralizar a política pública para atingir o Estado todo. Uma campanha muito interessante de Carnaval já está sendo elaborada para fora de Minas, e, muito em breve, vamos começar a ver por aí ações nesse sentido. O Carnaval de Minas Gerais é uma indústria, não tem como a gente negar. Quando pensamos que cinco dias de Carnaval no Estado movimentaram R$ 5 bilhões na economia, e o que gerou de emprego e renda durante o período, é indiscutível. É festa, é economia criativa; e tem muita gente que depende disso: bar, restaurante, hotelaria, app de transporte, táxi, enfim, é a cadeia produtiva. E, em Belo Horizonte, em breve teremos um documento de assinatura de intenções para selar a parceria para o Carnaval que a gente já vem construindo há algum tempo."

O TEMPO - Qual será a prioridade da secretaria até o fim do governo Zema?

BB: "Temos um secretariado muito técnico, que, às vezes, por estar tão focado nos resultados das próprias pastas, acaba não prestando atenção à importância de comunicar. Esse é o grande desafio: fazer com que os mineiros tenham acesso a todos os programas que a gente tem no Estado. Batemos recorde na educação, quando temos mais de 70% das escolas reformadas dentro do Estado; quando operamos mais na saúde, com mais de 1 milhão de cirurgias eletivas feitas no ano de 2024; na atração de investimento, quando a gente fala de mais de R$ 400 bilhões e rumando a 1 milhão de empregos formais nessa gestão. Os mineiros precisam saber, inclusive para poder utilizar os programas que temos aqui, fazendo cirurgias agendadas, vacinando o filho no momento certo e matriculando-se no Trilhas do Futuro, que é um projeto maravilhoso na educação."