Após a votação em primeiro turno, na madrugada de sexta-feira (24/10), que deu ao governo Romeu Zema (Novo) a primeira grande vitória pelo fim da obrigatoriedade de consulta popular para venda da Copasa, o tema volta à pauta nesta terça-feira (28/10). A estratégia da oposição ao governador, contrária à derrubada do referendo, seguirá sendo a de obstruir as discussões, com o objetivo de adiar a votação o máximo possível, além de mobilizar a população em torno do assunto. 

A movimentação também ocorre fora da Assembleia. O Sindieletro e o Sindágua, sindicatos dos trabalhadores da Cemig e da Copasa, respectivamente, têm promovido ações de mobilização nas ruas para envolver a sociedade na luta contra a queda do referendo. No domingo (27/10), representantes das entidades estiveram na Feira Hippie, no centro de Belo Horizonte, para dialogar com os frequentadores sobre o risco de retirada da consulta popular. Já na manhã desta segunda (27/10), servidores se reuniram na porta do Hotel Ouro Minas, onde ocorreu o evento de filiação do vice-governador Mateus Simões ao PSD. Às 18h, está marcada uma reunião na CUT-MG para planejar novas ações nas ruas. 

As mobilizações também devem continuar dentro do Legislativo. Servidores da Copasa, impactados por uma possível mudança no controle da empresa, vêm participando ativamente das reuniões de comissões e das sessões plenárias nos últimos meses. Na semana passada, cerca de seis mil funcionários da companhia participaram de uma audiência pública na Assembleia. A categoria pode declarar greve novamente nesta terça-feira (27/10), quando haverá uma assembleia pela manhã, para garantir condições de manter a vigília no Legislativo contra a PEC. 

Nesta terça, às 9h e 9h30, a Comissão Especial retomará a análise da proposta. Antes de ser votada em definitivo, a proposta precisa passar novamente pelo colegiado. Em seguida, já no plenário, o Regimento Interno da ALMG prevê que o texto seja discutido em seis reuniões antes da votação, como aconteceu no primeiro turno. A oposição pretende adotar estratégias de obstrução em todas elas, conforme o que o regimento permitir. 

Segundo a deputada Beatriz Cerqueira (PT), o governo deve marcar até três reuniões por dia para acelerar o processo. “Essa etapa deve ocorrer até o fim desta semana ou início da próxima, se o governo conseguir garantir 26 deputados presentes em cada uma das seis reuniões”, afirmou. 

“Depois dessas seis reuniões de plenário, começa o processo de votação. Nesse momento, nós da oposição apresentamos requerimentos que nos garantem direito de fala e ajudam a obstruir a votação”, explicou Beatriz. 

Ela reforça que o governo precisa de 48 votos favoráveis para aprovar a PEC. “Por isso, ausências e votos contrários nos ajudam a barrar a proposta”, completou. No primeiro turno, o texto passou com 52 votos a favor. 

A deputada também defendeu o diálogo com partidos que tiveram parlamentares progressistas votando a favor da privatização. Segundo ela, é importante ampliar o debate com direções partidárias, vereadores e prefeitos. 

“Muitos vereadores já se manifestam contra a privatização. Intensificar esse movimento é essencial. 2026 está logo aí, e quem faz campanha dos deputados nas cidades são os vereadores. Prefeitos ainda estão em silêncio, mas serão os primeiros a sentir as consequências da decisão da Assembleia”, disse. 

A deputada Lohanna (PV) também criticou a condução do governo. “A oposição construiu o Propag e é favorável ao programa. Quem queria impor sofrimento ao povo mineiro, defendendo o pior modelo de pagamento da dívida, o RRF, era o governo Zema. Discordo da estratégia de entregar a Copasa”, afirmou. 

Ela também lembrou do abaixo-assinado contra a PEC promovido por ela pela internet. “Vou continuar firme na oposição, mobilizando o abaixo assinado. Conseguimos mais de 20 mil assinaturas em dois dias, e dialogando com a sociedade, que, a cada dia, se inteira mais sobre o assunto”. 

O deputado Professor Cleiton (PV) destacou que as ações continuarão intensas no segundo turno. “Estamos reforçando a mobilização para mudar esse cenário, com a expectativa de que o Parlamento vote de forma coerente com os interesses e o desejo da sociedade”, disse.