Vereadores da Frente Cristã da Câmara de Belo Horizonte querem proibir a passagem de blocos em ruas próximas a igrejas, templos e centros espíritas durante o Carnaval. A medida vai constar em projeto de lei que os parlamentares pretendem apresentar para votação na Casa.
O tema foi levantado durante o primeiro ciclo de funcionamento do Plenário da Casa na Legislatura 2025/2028, entre 3 e 14 de fevereiro. O texto, porém, ainda não foi apresentado. As próximas votações acontecem somente após o Carnaval. Caso o projeto inicie tramitação e seja aprovado, passará a valer, portanto, somente para 2026.
A frente tenta marcar uma audiência com o prefeito em exercício, Álvaro Damião (União) há cerca de dez dias. "Ainda estou aguardando o retorno do prefeito para que a Frente Parlamentar Cristã possa visitá-lo", afirma a líder do grupo, vereadora Flávia Borja (DC).
O vice-presidente da frente, Uner Augusto (PL), diz haver uma demanda por parte de integrantes de igrejas católicas, templos evangélicos e centros espíritas para que, no horário de missas, cultos e reuniões, os blocos não passem em suas proximidades. "A intenção é minimizar desgastes que possam ocorrer durante o Carnaval", diz o vereador.
Um projeto nesses mesmos moldes tramitou na Casa em 2018, durante o mandato do ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido). Chegou a ser aprovado em primeiro turno, mas perdeu força entre os vereadores e foi abandonado. Havia a necessidade de nova votação pelo Plenário para que fosse para sanção.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura e com a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) para posicionamento sobre a construção de novo projeto nesta linha pela Frente Cristã, mas não houve retorno. Parlamentar com atuação na área da cultura, a vereadora Cida Falabella (PSOL) afirma que a Belotur já leva em conta a presença de estabelecimentos religiosos ao liberar o trajeto dos blocos.
Para a parlamentar, há, por parte de vereadores, um ataque ao Carnaval na cidade. "O conservadorismo domina a Câmara de Belo Horizonte (...). Querem agora reeditar uma proposta que perdeu em 2019 e que visava proibir a folia perto de espaços religiosos, coisa que, na prática, já acontece por meio da mediação entre a Belotur e os blocos, no constante diálogo sobre os trajetos", aponta.
A Frente Cristã da Câmara reúne 21 dos 41 vereadores da Casa, conforme anúncio feito pelo comando do grupo na data de sua criação, ocorrida no dia 10 de fevereiro. Em um termo de compromisso de participação na frente, os parlamentares afirmam defender a crença na "obra da criação e na concepção da vida" e na família formada entre o homem e a mulher.