A Câmara de Belo Horizonte aprovou nesta quarta-feira (5 de fevereiro) em primeiro turno projeto de lei que dá direito a entidades desportivas organizadoras de competições a estabelecerem o sexo biológico como critério definidor para participação nas disputas. Dos 41 vereadores, 25 a favor e 11, contra. Houve quatro abstenções. O presidente da Casa, que conduz a sessão, não vota.
A reunião em que o texto foi aprovado chegou a ser interrompida após confusão entre seguranças da Casa e manifestantes dos movimentos LGBTQI+, contrários ao texto, que protestavam nas galerias, ocorrida após o presidente da Casa, Juliano Lopes (Podemos), pedir a retirada de um manifestante.
O comando da Casa divulgou uma nota sobre a confusão. "A Câmara está de posse de todas as imagens da reunião do plenário e também das galerias, porém não há denúncia formal sobre possíveis agressões. Se houver, as imagens serão apuradas pela Superintendência de Segurança para as providências cabíveis", diz o texto. Ninguém ficou ferido.
A vereadora autora do projeto, Flávia Borja (DC), afirmou que o texto é um enfrentamento à "crueldade", segundo disse a parlamentar, contra mulheres desportistas que, ainda conforme Flávia, são obrigadas a competir com mulheres trans. "É injusto o que as mulheres estão passando nos esportes", disse.
A vereadora Juhlia Santos (PSOL), que é mulher trans, afirmou que o projeto não tem amparo legal. "Este projeto é inconstitucional. Quem o elaborou não conhece a legislação brasileira", declarou. O líder de governo, Bruno Miranda (PDT), tem entendimento no mesmo sentido. "Estamos querendo criar regras que não cabem a esta Casa", argumentou.
Queda de braço
Durante a discussão do projeto, as vereadoras Flavia e Juhlia propuseram desafios uma à outra. A parlamentar autora do projeto convidou a colega para uma luta de boxe ou uma queda de braço, para ver quem sairia vencedora. Juhlia disse que preferia discutir no campo da ciência.
O projeto deu entrada na Casa em 2023. Passou pela fase das comissões no ano passado, ficou pronto para o Plenário e foi colocado na pauta desta quarta-feira por decisão do presidente do Poder Legislativo, que tem a prerrogativa desta decisão, a partir, normalmente, de articulação com as bancadas.
O texto volta agora para a fase das comissões, para votações de segundo turno, e, em seguida, irá mais uma vez para o Plenário também para análise de segundo turno. Se for aprovado nesta etapa, o texto vai para sanção do prefeito.