A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que o vereador Wladimir Canuto (Avante), de Felício dos Santos, na Região Central do estado, será investigado por homicídio doloso. No início desta semana, ele invadiu a sala de emergência enquanto a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) atendia um paciente, um idoso de 93 anos, que faleceu posteriormente. A polícia pretende apurar se a interrupção do atendimento pode ter aumentado o risco de morte do paciente.
O inquérito está em andamento na Delegacia de Polícia Civil de Diamantina. Conforme esclarecido pela corporação, a sala, denominada de Sala Vermelha, é destinada a realização de exames cardíacos e atendimentos de urgência, possuindo avisos sobre a restrição da entrada não autorizada pela equipe e sobre a gravidade dos casos tratados em seu interior. Em um vídeo publicado no Instagram, o próprio vereador relatou que uma funcionária o alertou sobre a restrição de entrada no local. No entanto, ele afirmou que tinha o direito de acessar o espaço para fiscalizar as atividades dos servidores municipais.
Ainda segundo a policia, o delegado Juliano Alencar é responsável pela investigação e informou que o caso é tratado como homicídio doloso, em sua modalidade eventual, “diante do comportamento do suspeito ao interromper o atendimento da vítima, o que pode ter aumentado o seu risco de morte”.
Entenda
O vereador Wladimir Canuto ocupa uma cadeira na Câmara Municipal de Felício dos Santos desde 2017. A prefeitura publicou uma nota na terça-feira (4 de fevereiro) repudiando as atitudes do parlamentar na UBS. Para a administração municipal, Canuto, de maneira “vil”, “ardilosa”, “abrupta” e “injustificada”, invadiu a Sala Vermelha da unidade, “propagando agressões verbais contra servidores públicos e agredindo fisicamente uma servidora pública no exercício de sua função”.
Em um vídeo publicado em sua conta no Instagram, o vereador negou qualquer agressão física, mas confirmou que agrediu servidores verbalmente: “Não tem ninguém que prove que eu agredi alguém fisicamente lá. Verbalmente, sim. Eu falei muita coisa que eles precisavam ouvir”, afirmou na gravação.
O vereador se justifica afirmando que foi à UBS na segunda-feira (3), por volta das 16h30, a pedido de uma pessoa que o convidou para verificar a demora no atendimento naquela tarde. “Quando eu cheguei lá, eu me deparei com pessoas que estavam lá desde às 14h, aguardando atendimento e nada de atendimento. Dentre essas pessoas, tinha uma senhora que estava chorando de dor na coluna, desde às 14h, e não conseguia um atendimento, não conseguia nada”, relatou.
Ao questionar a recepcionista, o vereador disse ter recebido a resposta de que os médicos estavam ocupados com emergências. “Eu falei: ‘Todos os dois com emergência? E o povo que está sentindo dor aqui fora vai continuar sentindo dor aqui fora?’”.
Segundo seu relato, após o questionamento, ele decidiu seguir a profissional para dentro da unidade (leia a história completa aqui).