O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou, em entrevista ao programa Café com Política, do canal O TEMPO, para as jornalistas Letícia Fontes e Leticya Bernadete, que algumas das penas aplicadas a participantes dos atos do dia 8 de janeiro de 2023 podem ser revistas. Embora tenha classificado os ataques como “muito graves”, o ex-governador de Minas defendeu uma “modulação” das condenações de manifestantes que, segundo ele, participaram de forma lateral dos protestos. Aécio também responsabilizou o PT pela radicalização política que se instalou no país nos últimos anos, atribuindo ao partido o início do processo de polarização que culminou com a ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o Aécio, é possível construir um acordo no Congresso Nacional para atenuar algumas penas dos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília. “Estamos começando uma conversa para ver se é possível, em determinados casos, que foram menos danosos, de pessoas que estavam ali muito mais por curiosidade, que eventualmente participaram de forma lateral daqueles protestos, mas que levaram penas muito duras.” Aécio defende alternativas como penas menores ou o uso de tornozeleira eletrônica. “Para aquelas pessoas sem histórico criminal, sem ficha criminal, que estavam ali participando da manifestação e foram presas e submetidas a penas de 15 anos, é necessário haver uma modulação ou diminuição da pena.”
Durante a entrevista, o parlamentar também abordou a conjuntura política que, segundo ele, levou ao agravamento da polarização no país. Para Aécio, embora Bolsonaro tenha contribuído para o ambiente de radicalização, foi o PT quem deu início ao processo. “O radicalismo que tomou conta do país a partir de 2014, e quando eu falo de radicalismo eu não coloco essa conta apenas no colo do Bolsonaro, começa exatamente nos governos do PT, começa lá atrás com ‘Fora FHC’ e ‘Fora Sarney’.”
Questionado sobre Bolsonaro e Lula, Aécio avaliou como difícil a possibilidade de o ex-presidente do PL escapar de um processo no Supremo Tribunal Federal e fez críticas ao governo Lula. “É um governo cansado, cuja articulação no Congresso Nacional não se dá em torno de projetos para o país, se dá em torno de troca de espaços públicos, de cargos públicos, e obviamente também da negociação de emendas parlamentares.”