A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) criticou a capacidade de articulação do governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), durante participação no Café com Política de O TEMPO, exibido nesta segunda-feira (21 de abril). A parlamentar ainda criticou a falta de proximidade do governo com a população mineira, definindo Zema como "um homem rico e insensível" que "não conhece a realidade das pessoas".

"O governo (Zema) é atrapalhado, mesmo com grande maioria não dá conta de se entender dentro da sua própria base. Entra secretário, sai secretário, mas é sempre a mesma história. Secretários que prometem muitas vezes e não cumprem, não dão conta de sustentar a argumentação de algumas negociações", definiu a parlamentar sobre um dos motivos para a falta de consenso entre a base do governador. 

Segundo Ana Paula, o governo constrange a base com a proposição de textos "controversos", como o recém-derrubado veto para a criação de um centro de referência para pessoas autistas. "Isso é constranger a base. Eles (governo) são maioria, absolutamente maioria. E o nosso bloco, que é um bloco combativo, que interage com a vida das pessoas, dá conta de fazer as discussões e, muitas vezes, constranger o governo. Não dão conta de dar quórum nas reuniões. É um governo que patina desde o primeiro ano", afirmou.

Questionada sobre mudanças no secretariado de Zema, a parlamentar definiu que o Executivo enfrenta um "conjunto de problemas" que acabam afetando a população. "Eu acho que passa pela figura do secretário, mas como já tem tantos secretários que passaram ali, claro, que cada um com a sua especificidade, mostra que o governo não acerta e fica prejudicado nessa história toda é o povo mineiro, que precisa da política pública que o Estado não faz, nem deixa fazer", apontou a deputada.

Vetos

Após mencionar alguns vetos recentes de Zema, Ana Paula definiu o que impede a transferência de servidoras em situação de violência doméstica como um ato "absurdo e covarde" do governador. A parlamentar previu ainda "longas discussões" na Assembleia, com expectativa da derrubada do veto por "compromisso com a vida" dos mineiros. 

"Ele vai ser discutido, nós vamos trabalhar para derrubar. O governador não entende o que é a vida de uma mulher em situação de violência doméstica. O governador, que é um homem rico, não anda a pé na rua, não conhece a realidade das pessoas. Ele é insensível e tem coragem de vetar um projeto importante como esse", criticou. "A depender de mim e do nosso bloco, nós vamos derrubar mais esse veto do governador", afirmou.

Privatizações

Questionada sobre projetos aos quais o governo de Minas Gerais pretende aderir, a deputada declarou que os textos devem ser discutidos com profundidade. "Eu estarei ao lado da população, porque eu quero que nossa população tenha direito pleno à água, ao esgoto, à energia, esses são serviços que não podem faltar para nossa população", declarou Ana Paula. 

A parlamentar definiu que, com audiências públicas realizadas recentemente, há previsão de melhora nos projetos apresentados pelo governo. "Se o governo não dialogar, se o governo não abre mão de alguma coisa, que de repente a gente identificar ali, que traz prejuízo à população... eles já têm dificuldade de passar, porque o nosso bloco, embora minoritário dentro da casa, é um bloco combativo, é um bloco que tem condição de fazer um debate com a população, de trazer a população", disse. 

Segundo a deputada, em muitos casos, projetos do governo não são aprovados na Assembleia por força popular. "A turma não gosta muito de discutir com a população. Então, a gente acaba conseguindo, com a presença da população, frear alguns projetos. Eu espero que a gente possa ter tranquilidade, serenidade pra discutir, porque qualquer votação vai impactar diretamente no que o estado de Minas Gerais, independente da gestão desse governador", encerrou.