Uma crítica feita pelo vereador Uner Augusto (PL) a um curso realizado pela Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT, com o tema “Fé e democracia para militância evangélica brasileira”, virou polêmica na Câmara de Belo Horizonte nesta terça-feira (13 de maio). Para o parlamentar, que faz parte da frente evangélica na Casa, a proposta engana a população.
“Irmãos evangélicos, estão querendo roubar seus fiéis. Sabe quem está querendo fazer isso? O PT”, disse. “Segundo eles, o objetivo é promover a reflexão e o diálogo da fé evangélica e os valores democráticos, combater a desinformação e o uso político da religião”, afirmou.
O vereador conclui dizendo que esse é o argumento da Fundação, mas que no curso “com certeza não irão contar” que o partido seria defensor da legalização do uso de drogas, de mudanças na lei do aborto e outros pontos da pauta de costumes. “Que tipo de democracia o partido vai ensinar? A que persegue opositores”, destaca o vereador.
A fala provocou a reação de vários parlamentares da bancada de esquerda que se revezaram no microfone para defender o curso e lembrar que o PT e a esquerda no Brasil têm origem também em movimentos cristãos e que não cabe a qualquer grupo ideológico determinar quem é que pode ou não discutir a religião no país.
“Ele (Uner) vem com uma arrogância nesse microfone, como se a direita fosse dona do cristianismo no Brasil. ‘Não deixaremos a esquerda’; não tem que deixar, não, vereador. Tem muitos evangélicos, católicos que são progressistas”, afirmou. “Jesus Cristo e o cristianismo não têm dono, não. Dizer que nós queremos ‘roubar’ os fiéis é de uma insensatez. Mostra que a direita, que quer tomar conta de tudo, aceite os valores democráticos”, concluiu o vereador Pedro Patrus (PT).
Outros parlamentares de direita, como a vereadora Flávia Borja (DC), que preside a frente cristã no Legislativo, também foi criticar a iniciativa da Fundação Perseu Abramo de realizar um curso voltado aos evangélicos. “Eu não vi, vereador Uner, você dizer que a direita é dona do cristianismo. Não se preocupe com as críticas. Esse curso será um fiasco; os evangélicos não irão mergulhar nesta causa, pois é muito diferente daquilo que a gente professa”, disse.
A vereadora Luíza Dulci (PT) defendeu a entidade e sua história na formulação de políticas voltadas à população brasileira. “O cristianismo é um patrimônio nosso, que nós valorizamos muito. Temos deputados que valorizam muito a causa; o PT valoriza muito as religiões e as diferentes práticas da fé e não podemos aceitar que a fundação seja colocada neste lugar”, afirmou.