O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve na quinta-feira (26/06) em Belo Horizonte para participar de um encontro do Partido Liberal na região da Pampulha e teve ao seu lado, durante a maior parte da agenda do dia, o vice-governador de Minas, Mateus Simões (Novo). Romeu Zema (Novo) está no Japão, e o vice atua como governador em exercício.

A proximidade durante todos os compromissos, com Simões tendo, inclusive, fala no encontro do PL, é um aceno para a possibilidade de construção de uma aliança para as eleições de 2026. Simões é pré-candidato ao governo de Minas Gerais e tem, reiteradas vezes, reafirmado o desejo de ter o apoio do partido do ex-presidente.

O primeiro gesto simbólico trocado entre os dois foi logo depois do desembarque, por volta ds 10h. De Confins, Bolsonaro seguiu para a Cidade Administrativa. Em vez de entrar pela garagem subterrânea, como a maior parte dos visitantes, subiu a rampa do Palácio Tiradentes, ao lado do governador em exercício.

A informação no local foi que o acesso ao prédio pela rampa ocorreu por motivos de logística. Mas, na prática, o espaço já foi usado em alguns eventos oficiais, como a primeira posse de Zema e, mais recentemente, para receber uma comitiva chinesa, em abril deste ano.

Articulações

Bolsonaro chegou à Cidade Administrativa com uma comitiva de políticos do partido, incluindo o presidente do PL em Minas, deputado federal Domingos Sávio. A reunião durou cerca de uma hora. O ex-presidente, o governador em exercício e a comitiva seguiram para um restaurante perto da orla da lagoa da Pampulha. Bolsonaro não deu entrevistas, mas disse à imprensa que o encontro com Simões foi apenas para “bater papo”, sem entrar em detalhes. A pergunta sobre a reunião ocorreu enquanto ele atendia apoiadores que o aguardavam no restaurante.

Já Domingos Sávio contou que na pauta estavam projetos para Minas, como os vetos do presidente Lula (PT) ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados com a União (Propag), mas, também, articulações políticas. “Ao aceitar o convite que fiz, Bolsonaro já veio com esse sentimento de que nós, em Minas Gerais, temos a tarefa de unir centro, centro-direita e direita. Nós temos que dialogar”, disse Domingos Sávio, ao explicar que foi “um gesto de abrir um diálogo político mais propositivo”.

O presidente do PL comentou a presença de Simões no evento do partido. “A vinda do vice-governador, acompanhando o presidente durante todo o dia, é também o gesto do governador em exercício e nos diz que está falando em nome dele e no nome do governador Zema. Ele compreende que é preciso fazer um esforço de união em Minas Gerais”, afirmou.

No início da semana, em um café com jornalistas, Simões reafirmou o desejo de estar com o PL na disputa. Disse novamente que gostaria de ter o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o senador Cleitinho (Republicanos) com ele. Falou sobre a intenção de fazer aliança também com o PSD. Há rumores na política sobre a possibilidade de o vice-governador mudar de partido.

‘A união vai garantir de volta o Brasil’

Único que não integra o PL a ter espaço de fala no encontro estadual da legenda em Belo Horizonte, Mateus Simões fez coro à defesa do presidente do partido em Minas, Domingos Sávio, sobre uma “união” da direita em 2026. O governador em exercício foi convidado ao microfone antes do discurso de Jair Bolsonaro.

Ele agradeceu a presença do ex-presidente e teceu críticas ao PT, reforçando a ideia de vencer o presidente Lula (PT) nas próximas eleições. “É a união que vai garantir que nós vamos tomar de volta o Brasil no voto no ano que vem. Não há necessidade de fazer nada além de ir às ruas e às urnas votar. É assim que vamos garantir o retorno do Brasil que a gente teria continuado construindo”, disse. “O senhor (Bolsonaro) deveria estar em casa descansando. Mas não está. Está aqui porque precisa mandar um recado: o Brasil continua precisando do nosso esforço e da nossa reação.” 

Nikolas não vai à sede do governo

Embora a presença do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) estivesse prevista na reunião entre Jair Bolsonaro e Mateus Simões, o parlamentar mineiro não compareceu à Cidade Administrativa. Segundo a assessoria, ele teve um imprevisto pela manhã. Mas à tarde, o deputado participou do encontro estadual do PL. “Existe um país antes e depois do Bolsonaro. Eu sofro 1% do que ele sofre com um monte de pancada e não consigo imaginar os sacrifícios visíveis e invisíveis que ele já passou na sua história”.