Depois de culpar “Lula, Janja e STF” pelo tarifaço imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), fez uma segunda postagem sobre o tema nesta quinta-feira (10/7) e reconheceu que o presidente norte-americano também errou ao atacar o Brasil em sua guerra tarifária.

“A taxação imposta pelo presidente Trump a produtos brasileiros é uma medida errada e injusta. Ela precisa, sim, ser revista porque penaliza todos os brasileiros: gente que votou contra e a favor do Lula; empresas que investem no Brasil e que nada têm a ver com disputas políticas e ideológicas. Defender a liberdade não pode significar atacar quem trabalha e produz no Brasil”, disse Zema em vídeo postado nas redes sociais.

Em sua primeira postagem, Zema havia apenas abonado às críticas feitas por Trump ao governo brasileiro e ao Supremo Tribunal Federal. Ele escreveu que as empresas e os trabalhadores “vão pagar, mais uma vez, a conta do Lula, da Janja e do STF”. “Ignorar a boa diplomacia, promover perseguições, censura e ainda fazer provocações baratas vai custar caro para Minas e para o Brasil”, registrou ele em sua primeira postagem. 

Neste segundo momento, o governador mineiro reforçou esse argumento e retomou as críticas a Lula (PT), mas disse que o erro do governo federal não pode ser resolvido com mais erros. O “ajuste” de discurso acabou rendendo críticas de deputados da oposição. 

 “Patriota da shopee', não sustentou nem por um dia seu posicionamento", questionou o deputado estadual Professor Cleiton (PV). "Tá tentando refazer a rota agora, né, Zema? Porque pegou mal demais! Vai cuidar de Minas, governador. O estado tá em frangalhos", disse a também deputada Lohanna (PV).

 

 

Entenda o caso

Na quarta-feira (9), Donald Trump enviou uma carta a Lula anunciando uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, com início previsto para 1º de agosto. Segundo o presidente dos EUA, trata-se de resposta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas dos Estados Unidos e ao tratamento dado a Bolsonaro.

O presidente Lula, então, reagiu, por meio de nota, e declarou que o aumento unilateral das tarifas será respondido "à luz da lei brasileira de reciprocidade econômica". 

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, ainda foi chamado para uma reunião de emergência no Itamaraty, na noite de quarta-feira (9), para dar explicações sobre a carta do presidente americano.

O presidente Donald Trump ameaçou, na tarde de quarta-feira, impor tarifas ao mercado brasileiro. Em declaração pública àquela altura, Trump afirmou que o Brasil não era bom para os Estados Unidos e indicou a aplicação de sobretaxas sobre as exportações. A indisposição do norte-americano com o país se agravou após a reunião do Brics. Ele considerou que o grupo de países pretendia destruir o dólar.

Trump cumpriu a promessa horas mais tarde com uma carta dirigida ao presidente Lula, e aproveitou a oportunidade para criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o inquérito do golpe que corre contra Jair Bolsonaro (PL) e aliados, por crimes contra a democracia. Trump decidiu que os produtos brasileiros serão sobretaxados em 50% a partir de 1º de agosto. Atualmente, as taxas sobre os produtos do Brasil exportados para os Estados Unidos é de 10%. A tarifa estava em vigor há três meses.

Crítica ao STF

A carta escrita ao presidente Lula por Donald Trump cita nominalmente Bolsonaro e tece críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal. O norte-americana cita "ataques" do Brasil às eleições e "violação da liberdade de expressão dos americanos". Ele se refere aos despachos do ministro Alexandre de Moraes contra empresas de tecnologia norte-americanas. Em um dos episódios, ele determinou o bloqueio do X por descumprimentos de decisões e inadimplência no pagamento de multas impostas à rede.

Trump também ataca a ação penal em julgamento no STF em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado. O inquérito se debruça sobre uma série de ações atribuídas a Bolsonaro e a aliados dele para mantê-lo no poder após a derrota para Lula nas eleições presidenciais. A ação nasceu de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). 

(Com informações O TEMPO BRASÍLIA)