O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), fez nesta quarta-feira (2 de julho), o seu mais contundente movimento dentro da estratégia que estabeleceu de fortalecer o governo atraindo o maior número possível de lideranças e um arco gigantesco de alianças partidárias. Após nomeações a "conta-gotas", Damião atribuiu cargos a dez lideranças, que incluem um ex-deputado estadual, ex-vereadores e candidatos derrotados a vagas na Câmara Municipal, pertencentes a oito partidos.
A publicação dos indicados e seus cargos foi feita no Diário Oficial do Município (DOM). Os partidos envolvidos são o PT, PDT, União, PSDB, MDB, Solidariedade, Cidadania e Republicanos. "Da esquerda à direita, todo mundo tem cargo na prefeitura. É impressionante", declarou um aliado do prefeito. Para quem acompanha a movimentação de Damião, as nomeações têm motivação clara. "É uma estratégia do prefeito de se reforçar com as bases destas lideranças indicadas para os cargos", disse um observador do cenário político municipal.
A avaliação é que o prefeito, assim que assumiu o cargo, em 3 de abril, após a morte de Fuad Noman, ocorrida em 26 de março, colocou uma luneta em seu mandato, apontada tanto para uma possível reeleição, em 2028, como também para a Câmara, onde não quer enfrentar problemas, como os verificados, por exemplo, por seu antecessor. Fuad chegou a ter aberto processo de impeachment, que acabou arquivado.
Em relação a possíveis problemas a serem enfrentados no Poder Legislativo municipal, uma das nomeações nesta quarta-feira foi a de Luana de Souza (PT), primeira suplente da coligação PT/PCdoB/PV nas eleições do ano passado, que ficará encarregada da Subsecretaria da Assistência Social.
Em 20 de maio, dentro das nomeações que vinha fazendo a "conta-gotas", Damião colocou na prefeitura a primeira suplente do PL, Daiane Costa, para cargo na Secretaria de Relações Institucionais. Em 2026 há eleição para a Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados, e há chances tanto de vereadores do PT como do PL de se elegerem, abrindo vaga para os suplentes no Poder Legislativo municipal.
Já sobre seu destino daqui a quatro anos, pode ser o que Damião tinha em mente ao nomear na leva desta quarta-feira o ex-deputado estadual Vanderlei Miranda (MDB), ex-deputado estadual por três mandatos e pastor evangélico com passagens por programas no sistema de televisão a cabo. O ex-parlamentar, que não disputou as eleições de 2022 para a Assembleia Legislativa, vai ocupar cargo na Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. A reportagem enviou questionamentos para a prefeitura sobre critérios para as nomeações, mas não houve retorno. Um candidato que tentou mas não conseguiu vaga na Assembleia em 2022, Edson Fileto da Fonseca Júnior (PSDB) , foi nomeado para cargo na Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica.
PT na frente
O PT, nas indicações feitas por Damião nesta quarta-feira, foi o partido que ficará com as ocupações mais relevantes. Além do comando da Subsecretaria de Assistência Social, terá ainda Sirely Dimitrius Borges Chaves como subsecretário de Gestão Ambiental. O Solidariedade também terá dois cargos na gestão a partir de hoje, entregues a dois candidatos derrotados a vereador no ano passado, Anderson Cleber Luciano de Souza, e Evaldo Lago de Mendonça, que terão postos, não de comando, na Secretaria de Relações Institucionais.
Para a mesma pasta, e também para cargos que não envolvem administração de setores, Damião colocou os ex-vereadores Orlei Pereira da Silva (Cidadania) e Ramon Bibiano (Republicanos), ambos derrotados ao tentarem a reeleição em 2024. Já o ex-vereador Milton de Freitas Carvalho Júnior (PDT), outro que não conseguiu a reeleição, trabalhará na Relações Institucionais, mas como assessor especial.
A pasta abrigará ainda, a partir desta quarta-feira, também como assessor especial, Wagner Messias, também conhecido como Preto, vereador por cinco mandatos e liderança na região Oeste da capital. O ex-vereador é outro que saiu derrotado das urnas no ano passado. A Secretaria de Relações Institucionais, que recebeu a maior parte das indicações assinadas por Damião, é a pasta responsável pelo contato da prefeitura com a Câmara Municipal. Cabe ainda à secretaria a articulação política intergovernamental e a orientação e supervisão das instâncias de participação popular e colegiados, conforme definição da própria prefeitura.
Entre outras indicações feitas a conta-gotas por Damião está a do ex-vereador Jorge Santos (Republicanos), que assumiu cargo na Secretaria Municipal de Governo e logo depois foi exonerado, abrindo lugar para nomeação da namorada. O movimento foi feito enquanto o atual prefeito ainda ocupava o cargo interinamente com a internação hospitalar do prefeito Fuad.
Já como prefeito, Damião indicou outro ex-vereador, Ciro Pereira (Republicanos) como assessor especial em seu gabinete.