Os vereadores de Belo Horizonte aprovaram de forma unânime e definitiva o projeto de lei que permite a prefeitura fazer a distribuição de medidores de glicose para pessoas com diabetes tipo 1. O aparelho será entregue de forma gratuita, com critérios específicos que podem ser definidos pela administração municipal.

O vereador Pablo Almeida (PL), autor do projeto original, compareceu à votação com o aparelho sensor acoplado no braço. Ele destacou a “dor e o constrangimento” que vivem pessoas que têm que, segundo suas palavras, “furar seus dedos de 10 a 12 vezes por dia” para realizar o controle de glicemia.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, cerca de 600 mil pessoas são afetadas no país pelo diabetes tipo 1, doença crônica não transmissível e hereditária. A enfermidade é caracterizada pela destruição das células do pâncreas responsáveis pela produção e secreção de insulina. A consequência é que pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo e a glicose se acumula no sangue. O tratamento exige o uso diário de insulina para regular os níveis de glicose.  

Conforme detalha a justificativa do projeto, o aparelho sensor de monitoramento de glicose tem o “tamanho de uma moeda de R$ 1” e um adesivo para fixação na parte posterior do braço. Com uma microagulha, o aparelho capta flutuações da glicemia sem a necessidade de picadas, e o acompanhamento é feito por meio de dispositivo portátil, que funciona como leitor digital.

Diego Sanches (Solidariedade) destacou o alto custo para a aquisição individual dos sensores de monitoramento glicêmico, vendido nas farmácias pelo valor médio de R$ 300, e que precisa ser trocado a cada 15 dias. “Que família hoje, em situação de vulnerabilidade, teria condição de colocar um sensor desse? Para o Estado, para o governo, que tem um orçamento, principalmente na área da saúde, isso não pode ser visto como contingenciamento, a gente tem que lutar pela dignidade”. 

A proposta acabou unindo petistas e bolsonaristas, cujas disputas têm marcado o cotidiano na Câmara Municipal de Belo Horizonte. “O cuidado com a saúde da população de Belo Horizonte é maior do que qualquer ideologia política neste Plenário”, disse Pedro Patrus, líder da bancada do PT na Câmara. Ele parabenizou Pablo Almeida - um dos principais defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro na Casa - pelo “importante projeto” e encaminhou o voto favorável do partido à proposta.