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7 de Setembro: atos ao ar livre não eliminam riscos de transmissão de Covid-19

Especialistas recomendam medidas de segurança para minimizar o perigo de contaminação a quem for se manifestar

Por Franco Malheiro
Publicado em 06 de setembro de 2021 | 15:00
 
 
 
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Mesmo marcadas para locais abertos, e com uma população vacinada cada vez maior no país, infectologistas concordam sobre o risco existente de contaminação por Covid-19 nos atos - pró e contra Bolsonaro - marcados em várias cidades brasileiras neste 7 de Setembro.

A crescente nos casos causados pela variante delta no país - com maior poder de contágio - é uma das preocupações de especialistas ouvidos pelo jornal O TEMPO. De acordo com eles, as mesmas medidas individuais que vêm sendo propagadas desde o começo da pandemia, como o uso de máscara, distanciamento e higiene das mãos, continuam sendo as principais orientações para minimizar o perigo de contaminação durante os protestos.

“Mesmo em local aberto não existe risco zero. Pessoas gritando, cantando aumentam o risco, porque a propagação de partículas é maior. Falar em respeito a distanciamento em manifestações de rua eu sei que é complicado e difícil de controlar, mas as medidas continuam as mesmas, que é o uso contínuo de máscara, de preferência as com maior vedação como as PFF2, álcool em gel, e evitar abraços e beijos”, destacou o pós-doutorando na Faculdade de Medicina de Vermont (EUA) e membro do Observatório Covid-19 BR, Vitor Mori. 

Mori ainda destaca como momentos mais críticos e que merecem maior atenção os anteriores e posteriores às manifestações. 

“A preocupação maior está com os momentos anteriores e posteriores aos protestos em si. Uso de transporte público, compartilhamento de carros por aplicativo com pessoas que não convivem diariamente e reuniões em bares e restaurantes após os protestos. Por se tratarem de aglomeração em ambientes fechados, nesses momentos, eu acredito que o risco se intensifica mais do que no momento do protesto”, pontuou o pesquisador.

O infectologista Unaí Tupinambás, professor da UFMG e membro do comitê de enfrentamento à pandemia da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), concorda com Mori nas orientações e chama a atenção para a necessidade do respeito ao distanciamento até mesmo durante a manifestação. 

“Quando se tem muitas pessoas aglomeradas, como por exemplo, acontece no carnaval, e em algumas manifestações. acaba funcionando como um ambiente fechado, então é melhor que se respeite o distanciamento de 1 a 2 metros, sempre com a máscara, ainda mais que as pessoas vão gritar e cantar”, destacou Tupinambás. 

Outra orientação para o dia do ato, que a infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Raquel Stucchi destaca, é que os manifestantes levem sempre máscaras reservas. 

“Sempre orientamos que se leve mais de uma máscara, principalmente aqueles que queiram estender para um bar e restaurante após o protesto. Eventos como esses há sempre o risco de que as máscaras se molham ou sujam e máscara molhada não serve para mais nada”, ponderou a infectologista. 

Preocupação

Com a circulação da variante delta no país, Raquel Stucchi aumenta o alerta. 

“Nós já sabemos que a variante delta, que já está aumentando o espaço dela entre nós, ela se transmite muito bem, inclusive em lugares abertos", destacou a médica e demonstrou preocupação para o aumento de casos da Delta após 7 de Setembro. 

“A preocupação é imensa porque a sabe que a Delta demora de quatro a seis semanas para ocupar espaço onde ela chega e o que favorece uma transmissão maior é ter uma vacinação completa inferior a 80% e aglomeração de pessoas sem o uso de máscara”, alertou.

“Outra preocupação, grandes eventos com quebra dessas medidas de barreiras podem facilitar a aparição de novas variantes que aí não vamos saber qual a característica se é resistente a vacina, se é mais agressiva, se é mais transmissível”. completa Raquel. 

O professor da UFMG, Unaí Tupinambás pontua que a adesão à máscara pelos manifestantes será determinante. 

"O uso de máscara massivo vai determinar se essa transmissão vai aumentar muito ou não. Em atos observados anteriormente em que as pessoas usaram a máscara notamos que não houve impacto no aumento do número de casos", afirmou. 

Já o membro do Observatório Covid-19 BR, Vitor Mori, chama a atenção para a politização que as medidas de proteção sofreram durante a pandemia. 

“Me preocupa nesses atos que muitas pessoas não respeitam o uso de máscara, por exemplo. Nos atos de apoio ao presidente podemos ver muitas pessoas sem máscara, porque a gente sabe que o próprio Bolsonaro, durante toda a pandemia, muitas vezes, desincentiva apoiadores a utilizarem máscara e a seguirem as medidas necessárias. Esses atos, se os protocolos, principalmente o uso massivo de máscara, não forem seguidos, aumenta ainda mais a preocupação e o risco de propagação de casos”, ponderou. 

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