Distrito Federal

Aécio diz ver motivo 'extremamente forte' para impeachment de Dilma

Presidente do PSDB se refere a denúncia de que CGU, diante de provas de corrupção envolvendo SBM Offshore e a Petrobras, adiou abertura de processo para depois da reeleição da presidente

Por Folhapress
Publicado em 14 de abril de 2015 | 19:37
 
 
 
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Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) afirmou nesta terça (14) que a denúncia revelada pela Folha de S.Paulo de que a Controladoria Geral da União (CGU), diante de provas de corrupção envolvendo SBM Offshore e a Petrobras, adiou a abertura de processo para depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff, é motivo capaz de provocar um pedido de impeachment da petista.

"É a utilização do Estado em busca de um projeto de poder. Certamente é um motivo extremamente forte [para o pedido de impeachment]", afirmou. O tucano disse que a CPI da Petrobras deve aprovar a formação de uma comitiva de cinco deputados, alguns da oposição, para viajarem à Europa com o objetivo de investigarem pessoalmente a denúncia. O grupo pretende conversar com o ex-diretor da SBM Jonathan David Taylor, que disse à Folha de S.Paulo que prestou depoimento e entregou mil páginas de documentos internos da empresa à Controladoria-Geral da União (CGU) entre agosto e outubro de 2014.

O órgão só anunciou a abertura de processo contra a SBM em 12 de novembro, 17 dias após o segundo turno da eleição presidencial. O tucano recebeu nesta terça representantes do movimento "Vem para a Rua" e declarou apoio às reivindicações dos manifestantes que foram protestar contra o governo nos dias 15 de março e no último domingo (12). Numa mudança de tom, Aécio disse que a defesa do impeachment "não é golpe" e que podem haver motivos para a abertura de um processo de investigação contra a petista.

"Impeachment não é uma palavra proibida. Impeachment não é golpe, é constitucional", afirmou o senador. Aécio vinha evitando falar em impeachment da presidente Dilma, mas parte dos integrantes do PSDB são favoráveis à abertura de investigação contra a petista. Como o afastamento de Dilma é uma das pautas das manifestações de rua, Aécio disse que o PSDB pediu ao jurista Miguel Reale Jr. um estudo das denúncias que já surgiram contra a presidente -para verificar se há elementos para o impedimento.

"O doutor Miguel Reale está avaliando todas essas denúncias que se sucedem, uma mais grave que a outra, para ver se há caracterizado neste momento um crime de responsabilidade. Não é ainda a posição do PSDB, mas temos a obrigação de avaliar todas as alternativas", disse o tucano.

CONVITE

O Vem pra Rua entregou a Aécio convite para um ato público que será realizado nesta quarta (15) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em que será lida a "Carta do Povo Brasileiro".

No documento, os movimentos contrários ao governo listam reivindicações que serão entregues ao Congresso. O presidente do PSDB não deve participar do ato público, mas prometeu receber os manifestantes no Congresso para dialogar com o "Vem para a Rua" daqui para frente. A carta será protocolada pelos representantes dos movimentos na Câmara e no Senado.

"Quanto mais da sociedade foram os movimentos, mais legítimos eles serão. Por isso, minha posição de não participar [dos protestos] no primeiro momento. Mas os movimentos estão vindo ao Congresso. Vai haver uma convergência grande. Os movimentos querem o que nós queremos", disse Aécio.

Representante do "Vem para Rua", Luciano Vilela disse que a carta vai reunir um "extrato" das manifestações realizadas no país, com os principais pontos de reivindicação ao Congresso -entre eles, a reforma política.

"Pedimos o apoio dos deputados e senadores na leitura desta carta. Todos são bem-vindos", disse. Apesar do chamado, os manifestantes admitem que a maior adesão às reivindicações será de políticos da oposição.

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