NOVA GERAÇÃO

Alice Pataxó conta a O Tempo como é ser ativista indígena em tempos de internet

Com mais de 230 mil seguidores nas redes sociais, Alice é defensora do meio ambiente e povos tradicionais. Entrevista exclusiva para O Tempo vai ao ar neste sábado (11)

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 09 de dezembro de 2021 | 18:43
 
 
 
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Uma indígena brasileira tem chamado a atenção de lideranças e autoridades mundiais.

A ativista Alice Pataxó, de 20 anos, participou e discursou em duas importantes conferências realizadas em Glasgow, na Escócia: a Conferência da ONU para Mudanças Climáticas, a COP26, e a Conferência da ONU para a Juventude, a COY16, realizadas no início de novembro deste ano.

Alice estuda Humanidades na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e vive entre Porto Seguro e a Aldeia Craveiro, na cidade do Prado, também no sul baiano. 

Nas redes sociais, somando Twitter e Instagram, Alice é seguida por mais de 230 mil perfis. Uma dessas seguidoras é a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que é a mais jovem ganhadora do prêmio Nobel da Paz e defensora dos direitos das mulheres.

Em publicação nas redes sociais, Malala sugeriu aos seus mais de dois milhões de seguidores que acompanhem as publicações de Alice, considerada pela paquistanesa como uma jovem liderança que deve ser ouvida e acompanhada de perto pelo planeta. 

Além de Malala, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, aproveitou para "tietar" Alice durante a conferência em Glasgow. Em vídeo divulgado nas redes sociais da ativista, Hidalgo a elogia e pede foto: "Seus pais devem ter muito orgulho de você". A prefeita é a candidata da esquerda à presidência nas eleições do próximo ano na França.

Durante bate-papo com o portal O TEMPO, Alice comentou sobre ativismo, meio ambiente, política e novas tecnologias.

“É uma coisa muito presente no nosso crescimento dentro de uma comunidade indígena. Fazer parte da luta do movimento indígena é uma coisa que não é bem uma escolha, está ali e acontece simplesmente”, conta a jovem.

Em outro trecho da conversa, Alice destacou os acordos ambientais estabelecidos na COP26. “A gente define muitas metas, mas nunca alcançamos elas, a gente nunca leva isso realmente a sério. O que mais precisa acontecer para que a gente enxergue como um problema social? É um problema que precisa ser discutido e solucionado agora. Estamos falando de reduzir a emissão de carbono e uso do carvão mineral para 2030, será que temos tanto tempo assim?”, provoca a ativista. 

Alice também reagiu ao preconceito sofrido por indígenas que, como ela, ocupam cada vez mais espaços, e avaliou o uso das novas tecnologias pelos indígenas. 

“Eu sou indígena e, sim, estou usando um iPhone, mas trabalhei e comprei. Não esperei isso aqui da Funai, a Funai nunca deu nada para a gente, diferente do que as pessoas pensam. É um preconceito pelo fato de que as pessoas estão incomodadas com o que está acontecendo, a gente está ocupando esses espaços também”, enfatiza Alice.

“A tecnologia chega para todo mundo, a inovação chega para todo mundo. A gente precisa entender que tudo isso mudou muito na vida de todas as pessoas, e também mudou para a gente. Aprendemos a usar [a internet] como ferramenta de luta, que não nos tira do que a gente é, mas que fortalece nossas raízes, os nossos conhecimentos e compartilhamos isso com outras pessoas”, reforça a jovem.

A entrevista será publicada na íntegra neste sábado (11), às 8h da manhã, em vídeo e texto. Basta acompanhar o canal do TEMPO no YouTube e a página de Brasília do portal

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