Crise climática

Amazonas tem 60 municípios em situação de emergência por causa de seca histórica

Amazonas agora tem 60 dos 62 municípios em situação de emergência por causa da seca histórica, que, além de diminuir drasticamente o nível dos rios, facilita queimadas

Por Renato Alves
Publicado em 26 de outubro de 2023 | 08:28
 
 
 
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O Amazonas agora tem 60 dos seus 62 municípios em situação de emergência por causa da seca histórica, que, além de diminuir drasticamente o nível dos rios, essencial para a mobilidade e abastecimento da população, facilita queimadas na floresta. Quase 610 mil moradores no estado sofrem com o fenômeno, assim como animais, que têm morrido de sede, por causa da alta temperatura da água restante e o fogo nas matas. Não há previsão de retomada de chuvas constantes. Presidente Figueiredo e Apuí são as exceções na lista de cidades afetadas.

O balanço mais recente sobre a seca no Amazonas foi divulgado pelo governo estadual na quarta-feira (25). O Governo do Amazonas publicou um decreto estadual que colocou 55 municípios em situação de emergência, pelo período de 180 dias. Outros cinco pediram para serem incluídos na lista. Com autorização do governo federal, que adotou uma série de medidas para ajudar o estado, beneficiários do Bolsa Família receberam o repasse adiantado.

Sem chuva, o Amazonas registrou 2.073 queimadas nos primeiros oito dias de outubro deste ano. É mais do que o registrado em todo outubro de 2022. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A floresta sofre com o fogo desde agosto, quando houve mais de 5,4 mil focos de incêndio em todo o Amazonas. Em setembro, foram quase 7 mil, o segundo pior mês de setembro desde 1998, quando o Inpe começou a fazer o monitoramento.

Porto de Manaus não recebe cargueiros e ameaça Black Friday no país

A estiagem no Amazonas tem atrapalhado e mesmo impedido a navegação em diversos rios do estado. Há dois dias, o Porto de Manaus anunciou que o Rio Negro havia atingido novo nível mínimo histórico. Sua cota ficou abaixo de 13 metros pela primeira vez desde 1902, quando começaram as medições. Partes que costumam ficar cobertas pelo leito do rio estão tomadas por bancos de areia.

O Super Terminais, um porto privado que atende a Zona Franca Manaus, chegou a ficar mais de um mês sem receber navios cargueiros. as primeiras de grande porte atracaram no início desta semana, mas com volume menor de cargas, pois o rio está muito baixo, o que pode levar ao encalhe.

Com tal cenário, a Black Friday deste ano está ameaçada, com a forte possibilidade de boa parte dos produtos não chegarem às distribuidoras e lojas de todo o país. A Zona Franca de Manaus fabrica eletrodomésticos, veículos, motocicletas, TVs, celulares, bicicletas, aparelhos de ar-condicionado, computadores, itens mais comprados na Black Friday, que acontece em 24 de novembro.

O cenário coincide com o momento em que se intensifica o fenômeno El Niño, caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. Essas mudanças na interação entre a superfície oceânica e a baixa atmosfera ocorrem em intervalos de tempo que variam entre três e sete anos e têm consequências no tempo e no clima em diferentes partes do planeta. Isso porque a dinâmica das massas de ar no Oceano Pacífico adota novos padrões de transporte de umidade, afetando a temperatura e a distribuição das chuvas. (Com Agência Brasil)

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