O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), assumiu mais uma vez o protagonismo de um programa considerado estratégico para o estado. Desta vez, após articulação com prefeitos e deputados estaduais, Simões tomou a frente na discussão para implantação de um gasoduto no sul de Minas, obra considerada fundamental para redução de custos de empresas da região, que atualmente recebem o insumo via caminhões.
Mateus Simões já tomou a dianteira também em relação às estradas, postando vídeos nas redes sociais sobre a necessidade de investimentos federais em BRs, e mostrando obras realizadas em rodovias estaduais. O vice é o nome do governo também para a negociação em torno do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas do Estado (Propag), do governo federal.
Foi Simões quem apresentou à Assembleia os projetos de lei para adesão ao programa, e é quem vem pressionando a Casa para que sejam votados. Em relação a textos do programa que já passaram pelo crivo dos deputados estaduais, ficou a cargo do vice ainda os agradecimentos aos parlamentares. Com o Propag, o governo de Minas conseguirá equalizar a dívida de R$ 165 bilhões que tem com a União.
Ao mesmo tempo em que Simões coloca a sua cara como a de governo, e se concentra em questões internas, o titular do cargo, Romeu Zema (Novo), busca se mostrar no cenário nacional, principalmente com ataques ao governo federal nas redes sociais. Em uma de suas últimas postagens, nesta segunda-feira (16 de junho), Zema publicou uma montagem com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad em uma cadeira à beira-mar.
A postagem aconteceu horas após o auxiliar do presidente Lula anunciar que tiraria férias, o que ocorre em meio ao debate sobre mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Junto à foto, o governador publicou a seguinte frase: "Haddad entrou de férias hoje"! seguida de "7 dias sem imposto", sobre o tempo em que o ministro ficará fora. A postagem mostra a "marcação cerrada" de Zema sobre o governo Lula. Nem da China, onde está em missão oficial, o chefe do Poder Executivo estadual perde a chance de espezinhar a administração federal.
Tanto Zema como Simões já colocaram em andamento os papéis que decidiram desempenhar neste período pré-eleitoral. O governador do estado vem tentando se cacifar como candidato à presidente da República em 2026. Já Simões será o concorrente do Novo à sucessão de Zema. Neste ponto, o vice tem um caminho mais tranquilo, por já estar pacificado que será o nome do governador. Quanto a Zema, terá que jogar ombro a ombro com nomes como os dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Goiás, Ronaldo Caiado (União).
Silveira e Simões
A implantação do gasoduto no sul de Minas foi discutida por Simões e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em Brasília nesta segunda-feira. O vice-governador levou deputados estaduais e prefeitos para o encontro. O gasoduto, ao menos inicialmente, ligará as cidades de Jacutinga e Pouso Alegre, com extensão de aproximadamente 80 quilômetros, com obras a serem feitas pela Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
O encontro do vice-governador com o ministro fez lembrar entre correligionários de ambos a possibilidade de Simões deixar o Novo e migrar para o PSD, conforme mostrou reportagem de O Tempo publicada em dezembro do ano passado. Àquela época, porém, havia uma indecisão do senador Rodrigo Pacheco (PSD) sobre uma possível candidatura ao governo de Minas.
Na semana passada, porém, durante visita do presidente Lula a Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, Pacheco, em típico discurso de pré-candidato, criticou o governador Zema, sem citar seu nome, dizendo que Minas não pode se contentar com "política feita por Tik Tok". Por sua vez, Lula, que já deixou claro a vontade de ter Pacheco como candidato em Minas, chamou o senador de "futuro governador" do estado.