Após não atingir a cláusula de barreira, o Partido Novo alterou as diretrizes para as eleições municipais de 2024. As novas orientações flexibilizam os critérios adotados nos pleitos de 2016 e 2020.
Até então, o Novo poderia lançar candidaturas apenas em cidades com, no mínimo, 300 mil habitantes, 150 filiados e R$ 60 mil em recursos captados, conforme diretrizes instituídas pelo diretório nacional quando João Amoêdo, hoje suspenso, ainda era o presidente.
Agora, o Novo lançará candidatos em cidades onde há, pelo menos, três filiados para ocupar cargos de dirigentes partidários, 50% das chapas de candidatos a vereador completas e arrecadação mínima apenas para arcar com custos básicos da estrutura partidária e da campanha.
“É como se o mercado tivesse dito que tínhamos que melhorar para atender às suas expectativas”, avalia o presidente municipal do Novo em Belo Horizonte, Christopher Laguna.
Para Laguna, as antigas diretrizes teriam inviabilizado o Novo nas últimas eleições municipais, já que em Minas Gerais, por exemplo, a legenda lançou candidatos em apenas cinco cidades. “A gente foi proibido de sair (com candidatos) em cidades em que a gente queria. Imagina em Minas, em que a maioria das cidades tem 30 mil habitantes, termos diretrizes como essas?”, questiona o mandatário da sigla na capital.
Apesar do capital do governador Romeu Zema o partido elegeu apenas quatro vereadores em Minas, sendo três em Belo Horizonte e um em Poços de Caldas, no Sul de Minas.
Neste ano, o resultado do Novo nas urnas também foi aquém. Se em 2018 o partido havia feito oito deputados federais e 12 estaduais, agora elegeu apenas três federais e cinco estaduais. Em Minas, o partido não elegeu nenhum deputado federal e apenas manteve a bancada de dois estaduais.
Um dos episódios que mostram como as regras anteriores prejudicaram o partido aconteceu em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, município com aproximadamente 150 mil habitantes. Até se candidatar, o prefeito eleito Luís Eduardo Falcão (Podemos) era filiado ao Novo. “Obviamente, ele (Falcão) saiu do Novo e foi para outro partido. Quem perdeu com isso? O Novo”, pontuou Laguna.
À época da desfiliação do Novo, Falcão, um dos fundadores do partido em Patos de Minas, criticou a reprovação de sua candidatura: “A realidade partidária tem sido muito diferente dos valores que o partido prega. Enquanto a direção nacional ficar só no ar-condicionado, sem entender as realidades regionais, nada vai mudar”.
Ao justificar as novas diretrizes em um comunicado, o Novo apontou que “a ausência de uma base maior e consolidada nos municípios contribuiu também para aumentar a desigualdade de forças eleitorais em comparação com os outros partidos nas eleições de 2022”.
Os novos pré-requisitos foram divulgados em meio à cisão deflagrada pelo voto declarado de Amoêdo ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que levou a Comissão de Ética Partidária a suspender a filiação do fundador do Novo após provocação do deputado federal Marcel van Hattem (RS). Em retaliação, filiados e apoiadores do Novo lançaram um abaixo-assinado a favor de Amoêdo.