Correção de rota

Após fracasso, Novo flexibiliza diretrizes para eleições municipais de 2024

Parte dos filiados acredita que antigas premissas, instituídas ainda quando João Amoêdo era presidente nacional do Novo, teria minado bases eleitorais

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 03 de novembro de 2022 | 11:19
 
 
 
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Após não atingir a cláusula de barreira, o Partido Novo alterou as diretrizes para as eleições municipais de 2024. As novas orientações flexibilizam os critérios adotados nos pleitos de 2016 e 2020. 

Até então, o Novo poderia lançar candidaturas apenas em cidades com, no mínimo, 300 mil habitantes, 150 filiados e R$ 60 mil em recursos captados, conforme diretrizes instituídas pelo diretório nacional quando João Amoêdo, hoje suspenso, ainda era o presidente.

Agora, o Novo lançará candidatos em cidades onde há, pelo menos, três filiados para ocupar cargos de dirigentes partidários, 50% das chapas de candidatos a vereador completas e arrecadação mínima apenas para arcar com custos básicos da estrutura partidária e da campanha. 

“É como se o mercado tivesse dito que tínhamos que melhorar para atender às suas expectativas”, avalia o presidente municipal do Novo em Belo Horizonte, Christopher Laguna. 

Para Laguna, as antigas diretrizes teriam inviabilizado o Novo nas últimas eleições municipais, já que em Minas Gerais, por exemplo, a legenda lançou candidatos em apenas cinco cidades. “A gente foi proibido de sair (com candidatos) em cidades em que a gente queria. Imagina em Minas, em que a maioria das cidades tem 30 mil habitantes, termos diretrizes como essas?”, questiona o mandatário da sigla na capital. 

Apesar do capital do governador Romeu Zema o partido elegeu apenas quatro vereadores em Minas, sendo três em Belo Horizonte e um em Poços de Caldas, no Sul de Minas.

Neste ano, o resultado do Novo nas urnas também foi aquém. Se em 2018 o partido havia feito oito deputados federais e 12 estaduais, agora elegeu apenas três federais e cinco estaduais. Em Minas, o partido não elegeu nenhum deputado federal e apenas manteve a bancada de dois estaduais. 

Um dos episódios que mostram como as regras anteriores prejudicaram o partido aconteceu em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, município com aproximadamente 150 mil habitantes. Até se candidatar, o prefeito eleito Luís Eduardo Falcão (Podemos) era filiado ao Novo. “Obviamente, ele (Falcão) saiu do Novo e foi para outro partido. Quem perdeu com isso? O Novo”, pontuou Laguna.

À época da desfiliação do Novo, Falcão, um dos fundadores do partido em Patos de Minas, criticou a reprovação de sua candidatura: “A realidade partidária tem sido muito diferente dos valores que o partido prega. Enquanto a direção nacional ficar só no ar-condicionado, sem entender as realidades regionais, nada vai mudar”.

Ao justificar as novas diretrizes em um comunicado, o Novo apontou que “a ausência de uma base maior e consolidada nos municípios contribuiu também para aumentar a desigualdade de forças eleitorais em comparação com os outros partidos nas eleições de 2022”. 

Os novos pré-requisitos foram divulgados em meio à cisão deflagrada pelo voto declarado de Amoêdo ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que levou a Comissão de Ética Partidária a suspender a filiação do fundador do Novo após provocação do deputado federal Marcel van Hattem (RS). Em retaliação, filiados e apoiadores do Novo lançaram um abaixo-assinado a favor de Amoêdo.

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