Salários de até R$ 14,2 mil

Ex-deputados e parentes de parlamentares são nomeados na ALMG

Segundo fontes ouvidas pelo Aparte, nomeações devem ser a tônica nessas primeiras semanas de mandato

Por Lucas Henrique Gomes e Lucas Ragazzi
Publicado em 12 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Ex-parlamentares tentam emplacar a si próprios ou parentes na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Nos últimos dias, o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), nomeou o ex-parlamentar Antônio Jorge (PPS) e o ex-subsecretário de Assuntos Municipais de Fernando Pimentel, Marco Antônio Viana Leite com salários de R$ 14,2 mil em seu gabinete. Mas, o caso não é isolado. De acordo com fontes ouvidas pelo Aparte, as nomeações de ex-deputados e até parentes, como esposas, devem ser a tônica nessas primeiras semanas de mandato. Algumas dessas, inclusive, já estariam acontecendo no Legislativo Estadual.

Bonifácio Mourão (PSDB), que não conseguiu se reeleger na última eleição, emplacou, pelo menos, uma filha e uma sobrinha no bloco “Sou Minas Gerais”, encabeçado pelo partido tucano. Enquanto a filha do ex-deputado vai ter um vencimento mensal de R$ 7.214,55, a sobrinha vai receber R$ 5.383,63.

Cláudia Magalhães Mourão, sobrinha do tucano, foi nomeada, inclusive, no gabinete do tio nos últimos dias de mandato, antes de ser reconduzida na última semana ao bloco tucano. Essa nomeação configura ato de nepotismo, uma vez que sobrinho é o último grau de parentesco proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Pelas redes sociais, Cláudia postou em dezembro uma foto ao lado de Bonifácio Mourão com a legenda “Tio do meu coração”, além de uma hashtag que indicava um momento “muito especial”. A filha do ex-deputado, que agora vai ser colega de trabalho da prima, comentou a foto com vários corações.

Outro que conseguiu emplacar parente na ALMG é o deputado federal e presidente estadual do PROS, Eros Biondini. O irmão dele, João Biondini Júnior, vai compor na Assembleia o bloco no qual participa o PROS e terá um salário de quase R$ 14 mil. O grupo, que além do PROS conta ainda com PT, PR, Rede, PSOL e PCdoB, não definiu até o momento um líder, apesar de fazer nomeações com níveis de salário elevados desde o início da legislatura.

Pessoas ligadas ao bloco de esquerda afirmam que o grupo está sendo procurado por outros políticos sem mandato para uma tentativa de nomeação. Elisa Costa, ex-deputada e ex-prefeita de Governador Valadares, esteve pessoalmente na Assembleia Legislativa e se “colocou à disposição” para trabalhar na bancada petista na Casa. 

Todas as nomeações citadas pela coluna foram publicadas no “Diário do Legislativo” do dia 9 de fevereiro, com exceção de Antônio Jorge, que teve o novo cargo publicado no último dia 7. 

O Aparte pediu um posicionamento do gabinete de Agostinho Patrus (PV) sobre a nomeação de ex-parlamentares, mas não teve a demanda respondida até o fechamento desta edição. 

Já a Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi questionada, além das nomeações, sobre o caso de nepotismo que envolve o ex-deputado estadual Bonifácio Mourão e a sobrinha dele nos últimos dias de mandato do parlamentar, mas a Casa também não respondeu a coluna até o fechamento da edição. 

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