Eleições 2024

Fogo amigo do MDB ameaça vice de Marília e abre corrida por vaga em Contagem

Ricardo Faria perdeu apoio da legenda que estaria indicando o líder do governo, vereador Teteco, para representar o MDB na chapa com a petista

Por Hermano Chiodi
Publicado em 02 de abril de 2024 | 06:00
 
 
 
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O atual vice-prefeito de Contagem, Ricardo Faria (MDB) entrou no alvo da artilharia pesada dos seus colegas de partido na disputa para ser vice na chapa da prefeita Marília Campos (PT). Ele está  enfraquecido no cargo e perdeu o apoio da legenda. A situação deu início a uma corrida pela indicação do nome que vai acompanhar a petista em sua tentativa de reeleição.

O presidente estadual do MDB, deputado federal Newton Cardoso Júnior, já teria indicado à prefeita que não endossa o nome do atual vice-prefeito como representante da legenda no cargo e estaria trabalhando pela escolha do líder de governo na Câmara da cidade, vereador Teteco (MDB).

O vereador está no sétimo mandato consecutivo e pretende passar o bastão para sua filha, Carol do Teteco, como sucessora na Câmara Municipal. A indicação para vice-prefeito na chapa de Marília seria uma forma do vereador abrir espaço para a candidatura da filha à vereadora sem, no entanto, perder influência na política da cidade. O líder do governo não dá detalhes sobre as negociações para vice-prefeito, mas confirma que não vai tentar a reeleição.

A troca do nome do MDB para a chapa teria sido informada à Marília em uma reunião reservada entre a prefeita, o deputado Newton Cardoso Jr, Teteco e a secretária de Defesa Social, Viviane França, que também é ligada ao partido. O vice-prefeito Ricardo Faria não participou do encontro, realizado em 13 de março. 

No início do mês, o presidente do MDB repercutiu em suas redes sociais um encontro entre ele e o secretário de governo de Romeu Zema (Novo), Gustavo Valadares, no qual teria recebido um pedido para apoiar Cabo Junio Amaral (PL), candidato do governador na disputa municipal de Contagem. A postagem foi interpretada como um recado para o governo municipal avisando que o partido tem recebido outros convites.

O problema para o MDB é que Marília Campos ainda não estaria convencida sobre quem será o sucessor. Vários nomes, de diversos partidos, têm sido apresentados à prefeita. Um dos interlocutores do governo municipal afirmou que o cargo de vice na chapa de reeleição “é hoje o mais disputado de Contagem”. 

Um dos nomes que tem sido apresentado à prefeita é o do próprio Ricardo Faria, que já articula espaço em outras legendas para garantir uma aliança com Marília, independentemente do MDB. Um dos destinos prováveis destinos do vice-prefeito seria o Republicanos. Ele teria se encontrado com lideranças da legenda em Brasília, mas ainda negocia a transferência.

Outras possibilidades seriam os nomes do presidente da Câmara, vereador Alex Chiodi (Solidariedade), do vereador Daniel Carvalho (PSD) e de Jorge Periquito, ambos vinculados ao senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado.

O vice-prefeito Ricardo Faria afirma que segue junto com Marília, “neste e em outros projetos políticos que a prefeita adotar no futuro”. Sobre sua permanência no MDB, o vice-prefeito afirma que não pode responder pela direção do partido. “Nem a Marília oficializou ainda sua candidatura à reeleição. Estamos em uma fase de conversas e focados nas entregas que a cidade e a população necessitam”, diz.

Pessoas próximas à prefeita Marília dizem que haveria resistências políticas à continuidade de Ricardo Faria no cargo de vice-prefeito, pois existiriam dúvidas se ele se manteria fiel à prefeita no fim do mandato.

Marília no PT

Marília Campos segue acumulando mágoas em relação ao PT. Um dos primeiros grandes embates da prefeita com a legenda veio em setembro de 2023, quando ela assumiu publicamente uma crítica aos deputados do partido por se mostrarem contra a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e dificultarem o debate sobre as dívidas de Minas.

Depois, em fevereiro de 2024, Marília foi colocada em segundo plano pelo presidente Lula (PT) durante sua visita a Minas Gerais. Mesmo sendo prefeita da maior cidade governada pelo PT no Brasil, o presidente, que ficou dois dias na capital mineira, não conseguiu agenda para um encontro com a petista.

Apesar disso, pessoas próximas da prefeita reafirmam que ela tem origem no PT e que, apesar de discordâncias pontuais, irá disputar a reeleição pelo partido e encerrar sua carreira política na legenda.

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