Funcionária de Divinópolis administra página de pré-campanha de Cleitinho

O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) está só há dois meses no Congresso, mas já tem uma pessoa próxima ao seu gabinete de olho na campanha de 2026. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recebeu uma notícia de fato que denuncia a administração da página do Facebook “Cleitinho Governador MG” por uma assessora da Prefeitura de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. A cidade tem como prefeito Gleidson Azevedo (PSC), irmão do congressista recém-eleito.

A página foi criada em 8 de janeiro de 2020. A primeira postagem aconteceu em março de 2021. Depois, a segunda publicação só aconteceu há cinco dias. Desde então, são sete posts, a maioria com pronunciamentos de Cleitinho Azevedo à imprensa e no plenário do Senado Federal. 

Vanessa Aparecida Bernardes exerce a função de assessora de monitoramento de mídias sociais na Secretaria Municipal de Governo de Divinópolis desde 30 de janeiro deste ano. Conforme a notícia de fato entregue ao MPMG pela deputada estadual Lohanna França (PV), Vanessa é irmã do assistente parlamentar sênior de Cleitinho no Senado, Angelito Rondineli Pereira. Ele recebe cerca de R$ 17,5 mil.

A atuação da assessora da Prefeitura de Divinópolis a favor do senador não para por aí. Prints de grupos do WhatsApp mostram a propagação da página “Cleitinho Governador MG” por parte dela. "Fala, galera. Tudo bem? Estamos com uma página de apoiadores Cleitinho Azevedo 2026. Venho aqui chamar vocês para fazer parte do nosso grupo. Se você é apoiador e gosta do trabalho do senador, acesse o link e sigam (sic) a minha página", escreveu Vanessa nas mensagens.

A página em questão tem como e-mail administrador um endereço ligado à Vanessa. O mesmo e-mail está cadastrado em uma empresa registrada por ela na Receita Federal. A Play Midas, que presta “serviços de informação não especificados e treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial", existe desde junho de 2021 com sede no bairro Porto Velho, em Divinópolis. 

Advogado analisa o caso

O doutorando em direito pela Universidade de São Paulo (USP) Antonio Carlos de Freitas Junior afirma que há dois crimes nas condutas apresentadas na notícia de fato, caso as investigações confirmem as denúncias. "É possível enquadrar esse uso do servidor público para outra finalidade como peculato. Mas, o mais importante é que todos os três (a servidora Vanessa, o senador Cleitinho e o prefeito Gleidson) estão ocorrendo em improbidade administrativa. Você tem violações que podem ensejar na perda dos cargos públicos", diz.

Outros lados

Procurado, o senador Cleitinho Azevedo, via assessoria, informou que “não tem como controlar” as páginas que apoiam o parlamentar. “Se você procurar no Facebook, vai ver várias páginas de apoio (semelhantes)”, esclareceu.

Já a prefeitura de Divinópolis, em nota, informou que a vice-prefeita e secretária de governo Janete Aparecida quem contratou a servidora Vanessa Aparecida Bernardes a partir de um projeto-piloto da empresa Vetor Brasil. "Mais uma vez, de forma maldosa, estão tentando imputar ao senador da República Cleitinho Azevedo algo que não tem nenhuma ligação à ele, tentando atribuir uma indicação pessoal que nunca aconteceu", garantiu o Executivo.

Por sua vez, Vanessa esclareceu a O TEMPO que “sempre apoiou e admirou o trabalho de Cleitinho”. Ela afirmou que criou a página porque “muitas pessoas (estão) dizendo que a única salvação para Minas Gerais é termos o senador como governador em 2026”. A servidora disse que mandou as mensagens no WhatsApp enquanto almoçava e com seu smartphone pessoal. "Não utilizei nada da prefeitura para enviar as mensagens. Destaco que fora do horário de expediente sou cidadã comum e tenho o direito de expressar minhas opiniões", completou.

As duas mensagens enviadas por Vanessa aos grupos de WhatsApp foram publicadas às 11h10 e 11h23. No Facebook, há posts publicados sempre durante a manhã, por volta das 10h50. Porém, é preciso ressaltar que essa última rede social permite a programação de postagens.