A Câmara Municipal de Gonzaga, na região do Rio Doce, abriu um pedido de cassação contra o prefeito Júlio Maria de Sousa (PR). A decisão, tomada na semana passada, partiu do presidente do Legislativo municipal, Anderson Pereira (MDB), sendo chancelada por oito dos nove vereadores. O emedebista acusa o gestor de gastar, de maneira indevida, aproximadamente R$ 353 mil na manutenção de dois ônibus da cidade.
De acordo com o vereador, ao analisar a prestação de contas da prefeitura referente aos anos de 2017 e 2018, foram identificados os valores. “Iniciamos a investigação no começo do ano e constatei empenhos mensais com valores muito altos para a mecânica dos veículos, inclusive em períodos em que não há atividade escolar, como janeiro”, explicou Anderson Pereira. Segundo o parlamentar, o valor de mercado dos dois ônibus, somados, é de aproximadamente R$ 90 mil. “Ou seja, o prefeito gastou o triplo do que eles custam com manutenção", acrescentou.
Ainda de acordo com Pereira, somente o vereador Cleidiney Moura (PP) votou de maneira contrária à abertura da cassação porque, de acordo com o emedebista, ele é sobrinho do prefeito. A reportagem não conseguiu contato com Cleidiney Moura.
Diante do caso, Anderson Pereira diz que a Câmara também acionou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O prefeito recebeu a denúncia no último dia 13, quando começou a contar o prazo de dez dias para que ele apresente a defesa e arrole testemunhas ao caso. Ao receber as explicações, a comissão processante, formada por três vereadores, vai analisar os esclarecimentos e elaborar o parecer, que será votado em plenário. O processo de julgamento deve durar, no máximo, 90 dias.
O prefeito Júlio Maria de Sousa confirmou os gastos. “Os ônibus precisavam da reforma, estavam sem condição de andar. Fizemos uma reforma geral, levantamos a carroceria, trocamos motor”, explicou, acrescentando que, diante das melhorias, o valor de manutenção caiu em 2019. “Neste ano, gastamos R$ 50 mil com os dois ônibus. Como foi dada a manutenção (antes), dessa vez não ficou caro”, defendeu-se.
O prefeito explicou que a verba é repassada pelo governo do Estado e, se não for utilizada, tem que ser devolvida. “Não podemos comprar outros veículos com esse valor”, disse. “Os ônibus fazem o roteiro escolar, mas rodam mais e vão para outros lugares. Levam jogadores que participam de competições e têm uma rota maior”, completou.
Sobre o processo de cassação na Câmara, o prefeito alega razões políticas. “Eu tinha base lá até a véspera da eleição, quando me pediram dinheiro. Como não dei, partiram para cima de mim”. Numa forma de pressão, o gestor tem passado um abaixo-assinado pela cidade para diminuir os salários dos vereadores. “Eles não merecem ganhar nem R$ 100 por mês, é muito para eles”.