Eleições 2022

PT lançará nome ao governo de MG para ter palanque forte para Lula ou Haddad

Presidente da legenda em Minas Gerais diz, porém, que partido pode abrir mão da cabeça de chapa caso surja uma candidatura mais competitiva de oposição a Bolsonaro e Zema

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 10 de março de 2021 | 18:36
 
 
 
normal

A possibilidade de o ex-presidente Lula ser candidato nas eleições de 2022 movimenta a política nacional desde a última segunda-feira (8). O ressurgimento do petista também impacta o cenário para as eleições a governador em 2022 em Minas Gerais. Lula de volta ao jogo reforça a intenção do PT de lançar candidato próprio ao Palácio Tiradentes.

O presidente do PT em Minas Gerais, deputado Cristiano Silveira, disse que o partido terá candidatura própria em 2022, mas que isso não é uma obsessão e que a legenda pode abrir mão da cabeça de chapa se houver uma candidatura mais competitiva que se identifique com o “campo democrático e popular e com o enfrentamento a Zema e Bolsonaro”.

“O PT vai ter candidato próprio. Nós queremos dar um palanque forte pro Lula ou Haddad já no primeiro turno e para puxar as chapas proporcionais. Não vislumbro uma candidatura melhor que a nossa hoje”, disse Silveira, que disse ainda não haver nomes colocados pelo partido.

Apesar do otimismo diante do fato de Lula ter recuperado os direitos políticos, os petistas estão atentos a possíveis desdobramentos judiciais que impeçam novamente o ex-presidente de concorrer, motivo pelo qual Haddad também é sempre lembrado.

O presidente do PT-MG ressalta que antes de fazer qualquer movimento em relação a um candidato de outro partido, a questão precisa ser debatida e pacificada internamente. 

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), recebeu em fevereiro a visita dos petistas Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann. Questionado se Kalil não poderia ser apoiado pelo PT, já que aparece em segundo lugar nas pesquisas, o deputado disse que não houve nenhuma conversa nesse sentido.

“Tem que fazer essa pergunta pra ele. O Kalil aparece melhor nas pesquisas, mas não chamou a gente para conversar”, afirmou Cristiano Silveira.

No entorno do prefeito de Belo Horizonte, a leitura é que o encontro com Haddad foi positivo, mas que é difícil o PT abrir mão de lançar candidato próprio ao governo porque a sigla tem uma tradição em conseguir bons números de votos na legenda, o que ajuda a eleger deputados federais e estaduais. Sem um candidato próprio, os votos de legenda diminuiriam.

Ao mesmo tempo, aliados de Kalil consideram bastante provável que o PT o apoie no segundo turno se o embate for contra um candidato da direita, como o governador Romeu Zema (Novo), por exemplo.

Estratégia de Lula

Ex-ministro de Lula, o deputado federal Patrus Ananias (PT) afirma que o ex-presidente é um homem do diálogo e que deve atuar nesse sentido a partir de agora.

“A compreensão política do Lula é alargada. Ele tem os valores e princípios que são os nossos, do PT, mas ao mesmo tempo ele é o homem do diálogo. Nunca fugiu de conversar com setores do centro, da direita, mais conservadores”, disse o deputado, que foi ministro do Desenvolvimento Social entre 2004 e 2010.

“O Lula é um construtor de consensos e deixou claro que vai andar pelo Brasil e conversar com as pessoas, movimentos sociais, lideranças e sindicatos”, acrescentou Patrus.

Para ele, ainda não é momento de fazer planos sobre as eleições de 2022, inclusive em Minas. “Eu penso que o grande desafio hoje antes de chegarmos em 2022 é enfrentar os desafios que a conjuntura nacional está nos oferecendo. Junto com a Covid-19, tem a questão social que está aumentando. São 14 milhões de desempregados. Você anda pelas ruas de Belo Horizonte e de outras cidades (e vê) um aumento assustador das populações em situação de rua”, completou.

Cristiano Silveira acredita que Lula irá abordar principalmente a situação econômica do país. Para ele, o ex-presidente vai ser o mesmo que venceu duas eleições para o Palácio do Planalto.

“O Lula sabe que para a gente vencer, não vamos vencer brigando com todo mundo ao mesmo tempo. Mas tem questões muito caras que precisam ser discutidas: a miséria do povo, o custo de vida, o desemprego. Acho que essas questões vão orientá-lo muito”, disse.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!