Legislativo

Após derrota, PSDB avalia se fará oposição a Romeu Zema

Pauta privatista do governador eleito é um dos motivos que afasta o apoio de parlamentares

Por Fransciny Alves
Publicado em 30 de outubro de 2018 | 03:00
 
 
 
normal

Ainda de ressaca eleitoral, os deputados estaduais do PSDB começam, na manhã desta terça-feira (30), o processo de discussão para saber qual vai ser o posicionamento do partido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em relação ao governo do empresário Romeu Zema (Novo) a partir do ano que vem. Internamente, a tendência é que, se não adotarem uma postura de oposição, os parlamentares se apresentarão como independentes no Parlamento.

O motivo para que esse seja o caminho natural é a avaliação partidária de que as propostas protocoladas por Zema são totalmente distintas daquelas do candidato derrotado no pleito de domingo, senador Antonio Anastasia (PSDB). Logo após o resultado das eleições, o presidente da legenda em Minas, deputado federal Domingos Sávio, avaliou que a sigla não quer ter uma administração que seja um protótipo de uma empresa privada, em referência ao fato de que o futuro governador tem ideias de privatizar empresas e serviços estatais.

“O PSDB foi para o segundo turno e teve uma proposta de governo quase que antagônica à de Romeu Zema. E se ele pensa em fazer aquilo que pregou e colocou no plano de governo – o mínimo esperado por quem votou nele –, o PSDB não tem alternativa a não ser fazer oposição dura e evitar que Minas seja leiloada, liquidada, como ele colocou em seu plano de governo. Nós precisamos ter agora tranquilidade, porque não podemos colocar o interesse partidário acima dos mineiros”, declarou o dirigente da sigla.

Na avaliação do secretário geral da agremiação em Minas, deputado estadual João Vítor Xavier, na Assembleia os políticos devem pelo menos adotar uma postura de independência. “Eu não vejo, internamente, uma discussão de sermos base, até porque não sabemos como vai ser o governo de Zema e do Partido Novo na Assembleia. A posição vai ser acertada em reunião da bancada, mas vamos agora esperar os movimentos dados por ele”, disse.

Outro representante da legenda na Casa, Dalmo Ribeiro afirmou que cada um dos sete deputados eleitos para o próximo mandato pensa de uma forma, e, por isso, eles começam nesta terça-feira a discutir o tema em favor de um alinhamento. “Neste momento, não posso falar por todos, mas desde 2014 fomos oposição, e agora essa questão vai ser decidida após ouvir toda a bancada, que leva em conta, acima de tudo, como é possível ajudar o Estado a sair dessa grave crise”, declarou.

Junção

Também já começa a ser especulado um cenário em que o PSDB e o PT fariam parte do mesmo bloco de oposição ao governador eleito na Assembleia. Sobre isso, João Vítor Xavier avaliou que é uma tendência difícil de ocorrer: “Isso não deve acontecer. Nosso diálogo tem sido feito com partidos que estiveram conosco na campanha”.

Ainda segundo ele, se as duas legendas decidirem ser contrárias ao governo de Romeu Zema, cada uma deve fazer essa oposição de forma separada. Essa hipótese também chegou a ser rechaçada por tucanos logo após o resultado das urnas. Domingos Sávio, por exemplo, declarou que, no Estado, há uma perspectiva de construir um modelo diferente do que estava dando errado do PT, de Fernando Pimentel.

 

Desgastado, partido em Minas inicia processo de reavaliação

Além de decidir os rumos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o PSDB no Estado inicia nesta terça-feira o processo de reavaliação do partido. Nacionalmente e no Estado, a legenda sofreu grandes derrotas nas eleições deste ano. Em território mineiro, no entanto, os tucanos creditam o fracasso do senador Antonio Anastasia na disputa pelo Palácio da Liberdade ao desgaste da legenda, e não ao parlamentar.

O deputado estadual e secretário geral da sigla em Minas, João Vítor Xavier, avalia que o PSDB precisa se reconectar com a sociedade para saber onde errou e ressalta que é preciso reconstruir a legenda a partir de outro modelo: uma refundação ou fusão com outro partido – por conta da cláusula de barreira. “O PSDB tem que eleger novas bandeiras, ideias, propostas e, a partir disso, tem que ver os quadros que se identificam e acreditam nesse novo modelo e, por isso, vão permanecer no PSDB”, declarou.

A visão de que é necessária uma reflexão profunda na agremiação também é compartilhada pelo deputado estadual Dalmo Ribeiro. Segundo ele, o PSDB precisa agora repensar seu futuro diante de um cenário, que mostrou que as pessoas querem a renovação, o que inclui novos projetos e políticas.

“No primeiro turno já tivemos esse sintoma de que as pessoas querem mudanças. Precisamos reconhecer agora a derrota para iniciarmos a reconstrução. Temos bons nomes no partido, valores importantes e precisamos trabalhar nesse contexto. E as urnas mostraram também que todos os partidos vão ter que fazer essa avaliação interna”, declarou.

Menos espaço

Perda. Nas eleições deste ano, o PSDB perdeu uma das oito cadeiras que tinha na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O deputado estadual Bonifácio Mourão não foi reeleito.

Expectativa

Discussão

Outro fator avaliado dentro do PSDB mineiro é como vai ser a relação de Romeu Zema (Novo) com os deputados estaduais. O entendimento é que, num primeiro momento, a relação tende a ser difícil, principalmente com aqueles que já cumprem mandato, por conta da falta de diálogo que o empresário mostrou no segundo turno das eleições.

Fala

“Será que ele vai estar disposto a um diálogo com a Casa, com os deputados? Uma pessoa que não quis participar de debates, que não quis explicar o motivo de ter alterado seu plano de governo tantas vezes, vai saber conversar com os parlamentares? E outra coisa é a arrogância demonstrada de que somente o Novo tem solução para o Estado”, disparou um deputado.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!