Confusão

Audiência na Câmara é interrompida após ataques de Gabriel a Valadão; veja vídeo

Chefe do Legislativo chegou na parte final da reunião, pediu a palavra, e começou a relembrar acusações contra o secretário de Governo

Por Letícia Fontes e Franco Malheiro
Publicado em 03 de agosto de 2023 | 17:57
 
 
 
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O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido), voltou a atacar o secretário de Governo, Josué Valadão. Em audiência pública para discutir o fechamento do Aeroporto Carlos Prates, nesta quinta-feira (3/8), o chefe do poder Legislativo chegou ao fim da reunião, pediu a palavra, e começou a relembrar acusações contra Valadão, como, por exemplo, a suposta interferência do Executivo na eleição da mesa diretora no fim do ano passado. 

“Que bom vê-lo. O senhor se escondeu na sala do vereador Léo Burguês para que seu candidato Bruno Miranda fosse eleito. Isso é  papel do governo interferir no poder legislativo? Dessa matéria, eu queria saber qual o critério que o senhor teve para escolher alguns vereadores apenas para debater o aeroporto?”, questionou Gabriel. 

Valadão começou a responder que o critério de escolha foi os vereadores da base do governo que assinaram o manifesto contrário ao fechamento do aeroporto, quando foi interrompido de forma brusca pelo presidente da Câmara.

Nesse momento, o procurador do Município, Fernando Couto, que acompanhava Valadão, protestou e pediu questão de ordem, porque Valadão havia sido impedido de responder. O presidente da Câmara, que não presidiu a sessão, se irritou e começou a bater boca. “Que isso? Que isso? Cortem o áudio desse sujeitinho? Está achando que é o salão nobre da prefeitura”, gritava o presidente da Casa.  

Até que o presidente da sessão, vereador Bráulio Lara, repreendeu o advogado dizendo que ele estava desrespeitando a sessão e que a Câmara já havia feito a cortesia de ceder espaço para ele na mesa. 

“Cortesia não. Isso é cumprimento da lei”. Rebateu o advogado. A sessão então foi suspensa, mas o bate boca continuou, para revolta dos moradores do entorno do Carlos Prates que estavam na sessão para debater o assunto que acabou sendo desviado pela confusão.

Acusações

O presidente da Gabriel continuou as agressões contra o secretário de governo. “É só mesmo um bandidão, que usa a tiracolo advogado com medo de ser preso. Está achando que isso é a casa da mãe Joana? Vamos falar de habitação então. Eu recebi ao lado do prefeito o vice-presidente Geraldo Alckmin e o prefeito pediu que fechasse um aeroporto Carlos Prates, eu pensei que ele tivesse um projeto e não essa peça de marketing de quinta categoria”, disparou Gabriel. 

O presidente da Câmara, em sua fala, voltou a relembrar questões do secretário de governo em outras gestões.  

“O senhor acha que manda na prefeitura, só porque o senhor esteve nos bastidores desde o governo do prefeito Marcio Lacerda, brigou com ele, nem fala mais com ele. O senhor traiu o prefeito Marcio Lacerda. O senhor ambiciona sobretudo o poder. Passou pelo governo Alexandre Kalil e agora está com Fuad, sempre o mesmo operador”, atacou o presidente da Câmara.

“O senhor separa os vereadores que dizem amém e os que discorda, mas Câmara Municipal não é enfeite da cidade. Aqui na Câmara o senhor vai ouvir o que não quer. O senhor é o responsável pela sujeira da Lagoa da Pampulha, o senhor tem suas digitais no esgoto, e agora o senhor quer encher lama o Carlos Prates e o Padre Eustáquio” afirmou Azevedo. 

Gabriel ainda atacou o PDT, partido que está na base do governo e que é do líder Bruno Miranda e do vice-líder Wagner Ferreira. 

“Isso aqui (CMBH) não é um brinquedinho seu não. Talvez seria se o senhor tivesse eleito um lambe botas do PDT”, atacou Gabriel e foi interpelado pelo vereador Wagner Ferreira (PDT) que estava na reunião. 

“O senhor está desrespeitando nossa agremiação. Vossa excelência nem partido tem”, retrucou Ferreira enquanto o presidente ficou o chamando de “resto de ontem”, em referência a escolha dele para o cargo de vice-líder do governo. 

 

Após a confusão, o secretário de governo de Belo Horizonte, Josué Valadão, deixou a Câmara acompanhado do procurador do município. Segundo ele, Gabriel Azevedo  “parece não estar bem equilibrado”. 

“Era uma reunião que estava sendo muito importante para a gente explicar em que fase que nós estamos (no projeto do aeroporto), mas nós temos uma agressividade, uma violência política perpetuada pelo presidente da Câmara que é incompreensível. Parece que ele não está bem equilibrado, essa é a impressão, porque de uma reunião tranquila de repente acusações, falas assim, muito esquisito”, afirmou o secretário de governo. 

Josué Valadão disse que não pretende baixar o nível da discussão como tem feito Gabriel Azevedo, que segundo ele, tem desrespeitado “a dignidade alheia”. O secretário garantiu que apesar do clima hostil irá continuar dialogando com os vereadores. 

“É obrigação do secretário de governo ter a interlocução com a Câmara, a opinião dele é boa pra ele. Eu tenho minha consciência tranquila, sei do meu trabalho e das minhas obrigações. Não vou entrar em baixo nível”, argumentou.

Presidente da comissão minimiza

O presidente da Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços, vereador Bráulio Lara (Novo), minimizou os ataques ao secretário de governo Josué Valadão e disse que trocas de farpas fazem parte do ambiente político. Ele defendeu que o encaminhamento da audiência nesta quinta-feira seja de que a Prefeitura de Belo Horizonte seja a responsável pela gestão do aeroporto Carlos Prates. 

“A reunião transcorreu muito bem e eu acho que esse fato ao final faz parte, às vezes, de um ambiente político, pequenas trocas de farpas, mas isso aí não é relevante diante do contexto maior que foi a população vir aqui ser ouvida”, argumentou o vereador. 

Segundo ele, a reunião terminou apenas por conta do tempo regimental. De acordo com o vereador, apesar do tumulto da sessão, o secretário de governo será convidado para participar da próxima reunião marcada para o dia 14 de agosto. 

“As pessoas aqui queriam ser ouvida pelo prefeito, mas a vinda do secretário de Governo já foi um passo muito importante. A gente espera agora é que o prefeito reveja sua posição. Brasília aguarda uma sinalização do nosso prefeito de Belo Horizonte”. pontuou.

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