O prefeito Fuad Noman (PSD) enfrentou nesta sexta-feira (23/6) mais uma crise na Câmara. Durante a votação do projeto do subsídio às empresas de ônibus, os vereadores da base votaram contra a orientação do Executivo, que era rejeitar a emenda que prevê que 10% dos R$ 512,8 milhões repassados às concessionárias sejam destinados ao transporte suplementar. Apenas o líder de governo, Bruno Miranda (PDT), e seus colegas de partido, Miltinho CGE (PDT) e Wagner Ferreira (PDT), votaram contra a proposta. Além disso, duas CPIs foram instaladas ontem na Casa.
Nos bastidores, mesmo após a traição, não há temor entre os vereadores de que possam sofrer algum tipo de retaliação. “É muita gente para retaliar. Não vai dar em nada”, brincou um vereador.
O entendimento de parte da base é que, diante da proximidade da eleição, seria um desgaste grande votar contra a proposta devido à pressão dos trabalhadores que acompanharam a votação. Outros nomes da base, porém, focam a culpa pela traição no bloco da Família Aro, ligada ao secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), que recentemente passou a integrar a base do Executivo.
A estratégia da base seria não votar a emenda. Assim, a proposta não conseguiria os votos suficientes para ser aprovada. Porém, com os votos da Família Aro e da esquerda, a base teria sido forçada a votar a favor da emenda.
Políticos da Família Aro, porém, têm reclamado de “tratamento desigual” da PBH com a base, o que poderia ter motivado uma traição.
Trato desfeito.
Prefeitura e Câmara negociaram o projeto por dois meses e acordaram as emendas que seriam incluídas no projeto. O acordo previa que o suplementar seria beneficiado com a diminuição dos custos do sistema de bilhetagem eletrônica, além de desobrigar motoristas acima dos 60 anos a cumprir o mínimo de 24 horas semanais.
No entanto, além do repasse de 10% do subsídio, os vereadores aprovaram ainda o direito das viúvas dos permissionários de manter a permissão durante a vigência do contrato.
Sem clima
Após a traição ao prefeito, Bruno Miranda saiu do plenário. “Tem que vereador que não aguenta pressão, não pode ver a galeria cheia e acaba expondo o líder de governo que coloca a cara a tapa”, avaliou um político. Miranda foi procurado, mas não se pronunciou.
Interlocutores da própria prefeitura admitem que falta uma diretriz clara no governo em relação às ações na Câmara. Exemplo disso é que nesta sexta-feira, o vereador Bispo Fernando Luiz (PSD) – da base do prefeito Fuad Noman (PSD) – protocolou um requerimento para a abertura da CPI na Casa pedindo a investigação sobre supostas irregularidades em contratações feitas pela Secretaria Municipal de Assistência Social.
A um ano da eleição de 2024, o prefeito Fuad Noman tem se visto em uma situação complicada na CMBH nos últimos meses. Na busca por uma base de apoio, o chefe do Executivo municipal, na opinião de alguns vereadores, tem ficado refém das alianças que precisou costurar e não conseguiu, até o momento, solidez no apoio ao governo, apesar da maioria numérica.