Eleições 2022

Bolsonaro diz que 'golpe de 1964' foi dado pelo Congresso, não pelos militares

Presidente afirmou que ditadura militar foi imposta de acordo com a Constituição Federal vigente na época

Por Lucyenne Landim
Publicado em 08 de agosto de 2022 | 19:50
 
 
 
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a retirada do ex-presidente João Goulart em 1964 por conta da ditadura militar foi um golpe dado pelo Congresso Nacional, e não pelos militares que tomaram o poder. De acordo com ele, foram os parlamentares que destituíram o então presidente e entregaram o cargo de comando para Humberto Castello Branco, militar eleito por via indireta. O processo, segundo Bolsonaro, foi garantido pela Constituição Federal vigente na época.

"Quem cassou o João Goulart não foram os militares, foi o Congresso Nacional. O Congresso, em uma sessão de 2 de abril de 1964, cassou [o mandato de Goulart]. No dia 11, o Congresso votou no Marechal Castello Branco e no dia 15 ele assumiu. Não houve um pé na porta, porque os golpes se dão com pé na porta, com fuzilamento, com paredão. Foi tudo de acordo com a Constituição [Federal] de 1946, nada fora dessa área", disse o presidente.

A declaração foi feita durante entrevista ao Flow Podcast na noite desta segunda-feira (8). Ao ser questionado pelo apresentador se houve, então, um "golpe dentro das regras", Bolsonaro reafirmou a tese apresentada. "Se você quiser falar em golpe, fala que o Parlamento deu golpe, não foram os militares. Quem tornou vaga a cadeira do João Goulart foi o Congresso Nacional. Tanto é verdade que em 2013 o Psol entrou com o projeto anulando a sessão de 2 de abril de 1964. Foi uma sessão que durou várias horas", acrescentou.

Contrariando registros de prisões políticas e de exílios, Bolsonaro afirmou que "ninguém, no regime militar, prendeu um deputado por um dia". Nos tempos atuais, ele afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes "prendeu um [deputado] por oito meses", em referência ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado por ameaçar instituições democráticas. "Nenhum jornalista foi preso no regime militar. Temos exilados agora nos Estados Unidos", completou, em referência ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira.

A ditadura militar aconteceu entre 1964 e 1985. No período, as Forças Armadas brasileiras assumiram o poder com o argumento de evitar a realização de uma ditadura comunista no Brasil. O chamado "golpe de Estado" que destituiu João Goulart foi comandado pelos militares em 31 de março de 1964. A sessão de 2 de abril no Congresso Nacional citada por Bolsonaro declarou vago o cargo de presidente da República, fortalecendo o caminho para a consolidação do regime militar pelas próximas duas décadas.

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