Eleições 2022

Bolsonaro faz ataque à proposta de governo de Lula e volta a questionar urnas

Em evento voltado ao agronegócio, presidente apontou plano de petista de regular produção agrícola; Bolsonaro também ameaçou não cumprir decisão sobre Marco Temporal

Por Lucyenne Landim
Publicado em 10 de agosto de 2022 | 11:17
 
 
 
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O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, atacou a proposta do candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de regular a produção agrícola. A pauta foi apresentada no programa de governo do petista entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para "agregar valor à produção agrícola".

"A proposta de regulação da produção agrícola, o cara já retirou do programa de governo dele. Malandro como sempre, sem caráter, bêbado que quer dirigir o Brasil", disse Bolsonaro no Encontro Nacional do Agro nesta quarta-feira (10). Apesar da fala do mandatário, o ponto continua na proposta do petista no portal do TSE.

Ainda em tom de ataque a Lula, Bolsonaro criticou a carta criada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) que defende o processo eletrônico de votação e critica “ataques infundados” às eleições. "Vimos agora há pouco uma cartinha em defesa da democracia. Olha quem assinou a carta. O último que assinou é um cara que vive de amores e beijos – ou vivia, porque alguns já morreram –, com Fidel Castro, Chaves, Evo Moráles, Lugo, entre outros", acrescentou.

Ele ressaltou que "nossa geração não pode ser lembrada lá na frente como geração que teve chance de fazer e se acovardou para duas ou três pessoas que não tiveram nenhum mérito para chegar onde chegaram".

"Sou o chefe da nação e não vou chegar a 2023 ou 2024 e dizer o que eu não fiz lá atrás para o Brasil chegar nesta situação, que isso custe a minha vida. Nós somos a maioria, somos pessoas de bem. Nós de verdade trabalhamos. Não vamos perder para narrativas, para três ou quatro que assumiram cargos e se acham deuses", reforçou Bolsonaro.

Bolsonaro faz novo questionamento sobre urnas e ataca STF por condenação a Daniel Silveira

O presidente da República voltou a levantar dúvidas sobre o sistema eleitoral, a exemplo do que tem feito em discursos presidenciais e de campanha. "Queremos certeza de que o voto de cada um de vocês realmente vá para aquela pessoa. Isso é democracia", pediu.

"Nós temos, mais que o dever, o direito de aperfeiçoar as instituições, desconfiar, debater. Ninguém tem o poder de falar 'eu que mando, ninguém mete a colher, é assim e quem for contra está atacando a democracia'. Nós queremos transparência, queremos a verdade e queremos terminar as eleições sem quaisquer desconfianças, seja qual for o lado", destacou.

Ele ainda afirmou que há uma "ameaça à nossa liberdade nesse momento" ao citar a condenação do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão por ameaçar instituições. Depois da condenação, Bolsonaro concedeu perdão presidencial para que Silveira não precisasse cumprir pena.

"Quem esperava prender deputado por palavras, por mais duras e inconsequentes que tenham sido, que tem garantia na Constituição?", questionou, acusando o STF ainda de "desmonetizar páginas de pessoas que pensam de maneira diferente e se expressa dessa forma" e "fazer com que jornalista fuja do Brasil", em referência ao blogueiro bolsonarista foragido Allan dos Santos.

Bolsonaro volta a ameaçar não cumprir decisão se STF ampliar terras indígenas pelo Marco Temporal

O mandatário voltou a ameaçar não cumprir o Marco Temporal, que muda a demarcação de terras indígenas, caso o STF decida de forma desfavorável ao governo federal. O julgamento está pausado após o pedido de vista - mais tempo para análise - do ministro Alexandre de Moraes.

De acordo com Bolsonaro, há centenas de propostas abertas sobre demarcaçaõ de terras indígenas que podem ampliar as áreas protegidas a um território de tamanho semelhante ao estado de São Paulo. "Se isso for aprovado, acabou o agronegócio. Porque pela localização geográfica dessas novas áreas, tira da rota do agronegócio um estado de São Paulo.

"Se for aprovado, eu vou ter que cumprir?", questionou a plateia, que gritou um "não" em coro. "Essa medida é um crime que lesa a pátria, é ou não é?", perguntou Bolsonaro novamente recebendo a concordância dos presentes. "Fiquem tranquilos, eu sei o que tem que ser feito", avisou, finalizando.

Bolsonaro comenta redução do preço dos combustíveis

O presidente da República também comentou sobre a redução do preço dos combustíveis. "Está caro o diesel? Está caro. Mas temos que ver por que está caro. Se é só no Brasil, a culpa é minha, mas é no mundo todo. Nós dependemos de importação de diesel porque lá atrás um cara [em referência ao ex-presidente Lula] começou a fazer três refinarias, emprenhou R$ 100 bilhões e virou um sucatão. A guerra da Ucrânia [iniciada pela Rússia] interfere nos preços”, disse Bolsonaro.

Ele afirmou que zerou o imposto federal do óleo diesel, o que contribuiu com a redução, e comentou sobre o limite de 17% na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, aprovado pelo Congresso Nacional e que já virou lei. Novamente, ele criticou o PT, que votou contrário à proposta no Senado.

"A esquerdalha, que vivia dando pancada em mim sobrepreço de combustíveis, não fala da política do ‘fique em casa’ [por conta da pandemia de Covid-19] e da guerra, mas todos os senadores do PT votaram contra a redução de impostos”, frisou.

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