Defesa

Bolsonaro vê 'inadequações curriculares', mas 'capacidade' em Decotelli

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu nesta segunda (29) com Decotelli, ouviu as versões do professor e concluiu pela sua permanência no MEC

Por Da redação
Publicado em 29 de junho de 2020 | 20:49
 
 
 
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O presidente Jair Bolsonaro se manifestou nesta segunda-feira (29) à noite em suas redes sociais sobre a manutenção de Carlos Alberto Decotelli no Ministério da Educação (MEC). Durante todo o dia houve especulações sobre a sua saída do ministério. Apesar da postagem, a informação é que o governo procura nomes para o cargo.

"Desde quando anunciei o nome do Professor Decotelli para o Ministério da Educação só recebi mensagens de trabalho e honradez. Por inadequações curriculares, o professor vem enfrentando todas as formas de deslegitimação para o ministério. O Sr. Decotelli não pretende ser um problema para a sua pasta (Governo), bem está ciente de seu equívoco. Todos aqueles que conviveram com ele comprovam sua capacidade para construir uma educação inclusiva e de oportunidades para todos ", escreveu Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu nesta segunda (29) com Decotelli e  ouviu as versões do professor e concluiu que ele tem “lastro acadêmico” e “reconhecimento como gestor”, depois de 42 anos de vida pública.

 

Desde o fim de semana, quando a formação acadêmica de Decotelli  passou a ser alvo de contestação, auxiliares do presidente argumentam que os questionamentos inviabilizam totalmente o ex-professor no cargo, em um momento em que o governo tenta recuperar a confiança na pasta. Um outro grupo ponderou que mais uma mudança no MEC pode ser pior e alegam que outros ministros também já tiveram o currículo contestado, mas seguiram no cargo após a explicação.

Desde que foi anunciado como novo ministro da Educação, Decotelli passou a ter as informações de seu currículo questionadas. Ao anunciar o sucessor de Abraham Weintraub na pasta, o presidente Jair Bolsonaro mencionou a formação do professor: “Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela Uerj, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina, e Pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”, escreveu nas redes sociais na quinta-feira (25).

No dia seguinte, o  título de doutor do novo ministro da Educação foi questionado por Franco Bartolacci, reitor da Universidade Nacional de Rosário, que disse que Decotelli não conclui o doutorado. "Cursou o doutorado, mas não o concluiu, pois lhe falta a aprovação da tese. Portanto, ele não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário, como chegou a se afirmar".

O ministro inicialmente negou a declaração de Bartolacci e chegou a mostrar certificado de conclusão de disciplinas à reportagem. "É verdade. Pergunte lá para o reitor", disse Decotelli na sexta-feira ao "Estadão". Questionado se havia defendido a tese, requisito para obter o título de doutor, o ministro não respondeu.

No fim do dia, o novo titular do MEC atualizou o seu currículo na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ele passou a declarar que teve "créditos concluídos" no curso de doutorado, em 2009. No campo relacionado ao orientador, o ministro assinalou: "Sem defesa de tese".

No sábado (26), a dissertação de mestrado do ministro também foi colocada sob suspeita após o economista Thomas Conti apontar, no Twitter, possíveis indícios de cópia no trabalho, de 2008.  Ele citou trechos  na dissertação idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A FGV informou que vai investigar a suspeita de plágio.

O pós-doutorado na Alemanha também passou a ser debatido após a universidade fornecer informações diferentes das que constam no currículo do ministro. A instituição informou que ele não obteve título de pós-doutorado e Decotelli mudou hoje o currículo. Após admitir que não concluiu doutorado na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina,  Decotelli deixou de afirmar nesta segunda-feira, 29, em seu currículo, que realizou pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, na Alemanha.  

 

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