Legislativo

Câmara elege neste domingo nome que pode salvar ou afundar Dilma 

Favoritos são Eduardo Cunha, crítico do governo, e Arlindo Chinaglia, aliado do Planalto

Por Guilherme Reis
Publicado em 01 de fevereiro de 2015 | 04:00
 
 
 
normal

Com apoio de oposicionistas e governistas insatisfeitos, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto do Executivo, tem chances reais de vencer a eleição para a presidência da Câmara, que acontece neste domingo. Se isso acontecer, especialistas acreditam que Cunha tem poder bastante para desestabilizar a presidente Dilma Rousseff (PT).

O maior desafio de Dilma para se reeleger foi derrotar, a duras penas, seu principal rival: o senador Aécio Neves (PSDB). Mas, passado o período eleitoral, a petista pode encarar uma situação que pode inviabilizar politicamente seu governo.

Com a alta de impostos e as mudanças em benefícios trabalhistas, a presidente adota um comportamento de ajustes, principalmente na área econômica. E, para fazer as reformas que julga necessárias, Dilma precisará se afinar com o Congresso Nacional.

No entanto, o cenário não é favorável. Com a base de sustentação do Executivo esfacelada, a dificuldade para apreciar e aprovar textos no Legislativo será grande, ainda mais se Eduardo Cunha derrotar Arlindo Chinaglia (PT), Júlio Delgado e Chico Alencar (PSOL) na disputa pela presidência da Casa, já que é crítico do governo e tem diálogo aberto com a oposição.

Como presidente da Câmara, Cunha teria poderes garantidos pelo regimento interno da Casa de controlar a pauta de votação e montar as comissões temáticas sem amarras com o governo federal. A consequência disso seria a possibilidade de protelação e derrotas de matérias enviadas ao Legislativo pelo governo federal.

“Se Chinaglia vencer, o governo terá muitos problemas. Se Cunha vencer, a coisa piora bastante. Ele pode pautar a Câmara como quiser e desestabilizar o governo. Matérias que tratem de orçamento e recursos podem ser derrubadas, dificultando os ajustes que Dilma pretende fazer na economia”, explicou o cientista político Rudá Ricci, que ainda destacou o peso que Cunha pode ter nas eleições de 2016. “Cunha poderá influenciar prefeitos e trazer estragos para o PT nas eleições de 2016. Se isso acontecer, outros partidos podem desembarcar da base de governo na Câmara”.

Para o cientista político Gaudêncio Torquato, o perfil de Dilma não deve ajudar na hora de negociar com a Câmara caso Cunha seja eleito. “O governo federal está entre a cruz e a caldeirinha. A situação pode piorar com Cunha, já que o Congresso está menos ‘encabrestado’. Dilma vai precisar ter mais diálogo, mas ela não é afeita a conversar. Michel Temer vai precisar agir como bombeiro mais uma vez”, disse o especialista.

Como será

A eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Federal acontecerá neste domingo, após a posse dos deputados eleitos em outubro. A votação está marcada para as 18h, e a sessão será presidida pelo deputado com o maior número de mandatos, Miro Teixeira (PROS-RJ). Será eleito em primeiro turno o candidato que conseguir 257 votos – ao todo, são 513 parlamentares. Caso não consiga, os dois mais bem votados disputam o segundo turno ainda na noite deste domingo.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!