Pressão pelo voto impresso

Ciro Gomes classifica 'mensagem macabra' de 'Ato Institucional BolsoBraga'

Ex-ministro e presidenciável disse que, para não haver eleições, tal qual ameaçou o chefe das Forças Armadas, seria necessário o desmonte da estrutura democrática

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de julho de 2021 | 15:56
 
 
 
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O ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) avalia que a pressão do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, pela aprovação da PEC do Voto impresso não era apenas uma ameaça às eleições brasileiras. Na opinião dele, a "mensagem macabra" implicava também o fechamento do Congresso, do Supremo e de todas as instituições livres. Ciro classificou o fato, revelado pelo Estadão, como um "Ato Institucional BolsoBraga", mais violento que o AI-5, marco da ditadura militar no País.


"O Ato Institucional BolsoBraga seria algo mais violento que o AI-5, pois, o ato máximo do arbítrio da ditadura militar, o famigerado AI-5, veio gradativamente, após quatro anos de perdas constantes de liberdades. O Ato Institucional BolsoBraga chegaria de chofre. Queria ser, como Rei Momo, primeiro e único!", afirmou Ciro vídeo a ser divulgado nesta sexta-feira, 23, e que foi obtido pelo Broadcast Político.

Nesta quinta-feira, 22, o Estadão revelou que Braga Netto, em 8 de julho e por meio de interlocutor político, pediu para comunicar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não haverá eleições em 2022 sem o voto impresso, uma bandeira de Jair Bolsonaro.

Ciro destaca que para não haver eleições, tal qual ameaçou o chefe das Forças Armadas, seria necessário todo o desmonte da estrutura democrática e das instituições brasileiras. "Mesmo que tudo não passasse de fanfarronice, típica de quem se acostumou, durante a ocupação militar do Rio, a enfrentar milícias, é algo simplesmente inconcebível e inimaginável que, no Brasil do século 21, um general tenha tamanha petulância."

Para Ciro, Bolsonaro atraiu as Forças Armadas para uma das maiores ciladas da história brasileira recente ao retirá-los da função de protetores da segurança nacional para defensores de um governo e de um grupo que está temporariamente no poder. "Resulta que hoje o Brasil não tem uma boa política de governo nem tem uma boa política de defesa", completa.

O ex-ministro também reforçou a defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro e expressou surpresa com o que chamou de "capacidade que o Brasil está tendo de engolir não sapos, mas verdadeiros dinossauros e continuar dormindo em berço esplêndido", afirma. "A complacência dos brasileiros é uma das razões para os sucessivos abusos do presidente Jair Bolsonaro que começaram com uma sucessão de escatologias e terminaram no martírio de mais de meio milhão de brasileiros."

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