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Colegas defendem Wellington Magalhães

Vereadores ouvidos nessa quarta-feira (11) pela comissão processante evitaram críticas ao parlamentar afastado

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 12 de julho de 2018 | 03:00
 
 
 
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Os vereadores Gilson Reis (PCdoB), Jair Di Gregório (PP) e Preto (DEM) – ouvidos nessa quarta-feira (11) no último dia de depoimentos de testemunhas na comissão processante da Câmara Municipal de Belo Horizonte que apura uma suposta quebra de decoro parlamentar por parte do vereador afastado Wellington Magalhães (PSDC) – evitaram críticas ao colega afastado e chegaram a elogiar o parlamentar, alvo do Ministério Público e da Polícia Civil.

O ex-presidente da Câmara de Belo Horizonte é suspeito de desviar cerca de R$ 30 milhões dos cofres públicos por meio de licitações fraudulentas, segundo a operação Sordidum Publicae, e chegou a ficar foragido após ter um pedido de prisão preventiva feito pela Justiça. Ele ficou preso pouco mais de um mês e foi solto no dia 29 de junho após uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Em sua soltura, foram determinadas algumas medidas, como o uso de tornozeleira eletrônica, a entrega do passaporte e o recolhimento noturno.

Preto foi o que mais defendeu o ex-presidente da Câmara. O democrata, que já acumula seis mandatos no Legislativo, foi líder do governo do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) na mesma época em que Magalhães ocupava a presidência da Casa.

“O trabalho de Wellington Magalhães na Casa eu posso dizer que é invejável. Ele sempre foi muito atuante. Entre os vereadores que foram presidentes da Câmara durante meus mandatos, eu posso dizer que o mais atuante foi o Wellington”, disse Preto.

Apesar de parabenizar a comissão e a investigação feita pelo colegiado, o democrata disse que é preciso ter cautela. “Se a gente cassar o mandato do Wellington, e a Justiça o considerar inocente, como vamos ficar?”, ponderou o parlamentar. 

Em sua oitiva, Jair Di Gregório, vereador que está em seu primeiro mandato, foi comedido ao falar sobre o companheiro. Questionado se o uso de tornozeleira por Magalhães seria constrangedor, ele disse que poderia causar certo constrangimento, mas que os vereadores aceitariam por ser uma forma que a Justiça encontrou para colocar o acusado em liberdade.

Já quando foi questionado sobre a possível quebra de decoro parlamentar pelo fato de Magalhães usar o aparelho como medida restritiva, Gregório disse que vem lendo o regimento e não viu nada sobre isso ainda.

“Se alguém me mostrar dentro do regimento interno que usar tornozeleira é quebra de decoro, com certeza vou compactuar com o que há de fato ali”, disse o vereador. Ele afirmou que os colegas que entenderem que a tornozeleira gera a quebra de decoro “entendem menos do regimento” do que ele.

Propaganda. Já o vereador Gilson Reis, que está em seu segundo mandato e foi contemporâneo de Magalhães na Casa, não tomou partido durante a oitiva. Apesar de declarar que Magalhães era acessível aos companheiros, Gilson Reis alegou que nunca viu tanta propaganda da Câmara Municipal como ocorreu na gestão do vereador afastado.

Entretanto, ele salientou que esse grande número pode ter sido em decorrência de alguns fatos, como o Plano Diretor, que foi apresentado aos legisladores municipais, tendo sido necessário convocar a sociedade para entendimento e discussão do assunto.

Depoimento. A última reunião para oitivas no colegiado está marcada para o próximo dia 24, quando está previsto o depoimento de Wellington Magalhães. Depois de ouvir o denunciado, a comissão abrirá o prazo de cinco dias para alegações finais da defesa e da acusação. O relatório, que será feito pelo vereador Reinaldo Gomes (MDB), será apresentado no dia 31 e votado no colegiado em 7 de agosto. Após a votação no grupo, o parecer será incluído na sessão seguinte do plenário da Casa.

Convidados. Nessa quarta-feira (11) foi a nona reunião da comissão processante da Câmara de Belo Horizonte, e, das 21 pessoas convidadas para prestar depoimentos, 11 compareceram até então.

Relator faz balanço positivo das oitivas

O relator da comissão processante da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Reinaldo Gomes (MDB), fez um balanço de todos os depoimentos colhidos até então. Segundo ele, os esclarecimentos foram o que o colegiado esperava, uma vez que os vereadores são todos amigos e pouco poderiam contribuir para o relatório final. Sobre a ausência de membros do Ministério Público e da Polícia Civil e a falta de alguns processos solicitados à Justiça, o emedebista disse que, se tivessem algo de grande relevância para contribuir com o processo, essas instituições teriam enviado algum representante.

Já o denunciante, o advogado Mariel Marra, entendeu que houve mais depoimentos favoráveis à acusação do que à defesa. “O mais importante foi que todas as testemunhas da denúncia que são advogados – como os vereadores Gabriel Azevedo (PHS), Mateus Simões (Novo) e Irlan Melo (PR) – mostraram que o Wellington pode ser cassado independentemente de qualquer condenação criminal”, disse Marra.

A reportagem tentou contato com a advogada Amanda Torquatto, que defende Magalhães, mas ela não quis se pronunciar sobre o assunto.

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