IMPASSE

Collor volta a criticar Janot e diz que procurador mentiu em sabatina

Ex-presidente disse que o procurador geral advogou para uma empresa em disputa que interessava à Petrobras enquanto era sub-procurador da República e disse que ele contratou, sem licitação, uma assessoria de comunicação

Por Folhapress
Publicado em 31 de agosto de 2015 | 19:31
 
 
 
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O senador Fernando Collor (PTB-AL) voltou à tribuna do Senado nesta segunda-feira (31) para tecer mais críticas ao procurador geral da República, Rodrigo Janot, que teve sua recondução ao cargo aprovada pelo Senado na semana passada.

Collor acusou Janot de ter mentido na sabatina a que foi submetido pela Comissão de Constituição e Justiça antes de ter seu nome avalizado pelos senadores. "Ao contrário do que a maioria dos meios divulgou, o procurador geral mentiu em respostas às várias perguntas feitas por mim. Em outras, apenas tangenciou as respostas e, em algumas, sequer respondeu", disse.

O ex-presidente repetiu na tribuna algumas das acusações que fez durante a sabatina. Ele disse que Janot advogou para uma empresa em disputa que interessava à Petrobras enquanto era sub-procurador da República e disse que ele contratou, sem licitação, uma assessoria de comunicação. Collor também afirmou que Janot alugou ilegalmente um imóvel sem alvará em área nobre de Brasília e que deu abrigo a um parente "contraventor".

Denunciado por Janot no âmbito da Operação Lava Jato, o senador afirmou possuir documentos que comprovam todas as acusações. Os papéis foram entregues ao Senado. "Mesmo assim, mostrando algumas dessas provas documentais, o senhor Janot fez cara de paisagem durante a sabatina. Ela ainda deve muitos esclarecimentos e, tenho certeza, não vai demorar para que a população brasileira e a grande mídia percebam que o Procurador Geral da República está longe, muito longe, anos-luz, de ser a probidade em pessoa", disse.

Collor reclamou ainda da cobertura feita pela imprensa da sabatina e disse que neste tipo de audiência não é possível esclarecer todas as dúvidas e denúncias. "As regras e a dinâmica que envolvem uma sabatina não permitem, por limitação de tempo, o completo esclarecimento dos fatos e, menos ainda, a devida cobertura e repercussão. Soma-se a isso a recorrente parcialidade da mídia, que, salvo exceções, inclina sempre suas matérias e análises, quase adernando. Isso é fato ou não é? É claro que é fato. Todos nós aqui sabemos que é um fato", disse.

Para o senador, Janot foi cínico ao afirmar que não tem nenhuma atuação política no comando do Ministério Público e dizer que sua gestão é pautada apenas em aspectos técnicos. Como contraponto, Collor relembrou uma foto em que Janot aparece sorridente ao lado de uma faixa com os dizeres "Janot, você é a esperança do Brasil".

"Cinicamente o senhor Janot declarou-se, vejam só, um ser apolítico. Ou seja, que se guia somente pelos aspectos técnicos, pois a atuação política não seria a sua seara. E pergunto: e aquela foto tirada com um cartaz de salvador da pátria? Olha que foto! A alegria e a felicidade estampadas em seu rosto, acreditando ser ele esse que ele tem inscrito no seu busto", disse.

O procurador geral passou por mais de dez horas de sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Acusado de promover vazamentos de informações sigilosas, Janot defendeu a legalidade da Operação Lava Jato. Na comissão, Janot foi aprovado por 26 votos a 1.

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