RESPOSTA

Com presença incerta de Lula, esquerda fará ato contra anistia a presos do 8 /1

Manifestação também deve tratar dos 60 anos do golpe de 1964 e deixar de fora pedido de prisão de Bolsonaro

Por Levy Guimarães | Hédio Júnior
Publicado em 18 de março de 2024 | 07:00
 
 
 
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Movimentos sociais e partidos de esquerda organizam uma manifestação no próximo sábado (23), em São Paulo, que terá como principal pauta a defesa da condenação dos envolvidos nos atos de invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro do ano passado. 

A pauta será reforçada após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados defenderem anistia aos presos e condenados devido ao episódio. Um dos mantra e palavras de ordem do protesto será o “sem anistia”, já repetido por membros do governo e parlamentares.

Fazem parte desse planejamento representantes de legendas como PT, PCdoB, PSB, PSOL e entre outros, além de movimentos como o MST, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Porém, nem todas as lideranças, sobretudo dos partidos, garante que irá participar ou se engajar na organização.

A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda é uma incerteza. Para o mesmo dia, está sendo planejado outro ato, com a mesma temática em Salvador, para o qual o petista foi convidado. A aposta é no fato de a Bahia ser um dos Estados onde ele é mais forte. No entanto, a ida dele ao ato também não está confirmada.

O principal receio dos petistas com uma possível presença de Lula são as inevitáveis comparações que surgiriam com a manifestação do ex-presidente Jair Bolsonaro em 25 de fevereiro, em São Paulo, que reuniu cerca de 350 mil pessoas entre apoiadores e lideranças conservadoras e religiosas.

Por isso, o local do protesto será diferente: enquanto o ato pró-Bolsonaro aconteceu na avenida Paulista, o da esquerda está previsto para o Largo São Francisco, onde fica a Faculdade de Direito da USP.

Outras pautas

Sob o lema “ditadura nunca mais”, a manifestação também deverá destacar os 60 anos do golpe militar de 1964, que instalou uma ditadura no Brasil durante 22 anos ao derrubar o então presidente João Goulart no dia 1º de abril daquele ano. A data é relembrada no dia 31 de março.

No entanto, apesar de darem como certo que manifestantes devem levar cartazes com esse tipo de alusão, não está no plano dos organizadores pedir expressamente a prisão de Jair Bolsonaro, mesmo após as investigações da Polícia Federal terem agravado a situação dele na Justiça, com depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas apontando que ele teria apresentado uma minuta de golpe de Estado.

Palestina x Israel

Outra temática a ser explorada na manifestação do próximo sábado é a condenação do “genocídio” praticado pelo governo de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza, após os ataques do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro do ano passado.

Na política internacional, esse é um dos assuntos que mais dividem esquerda e direita no Brasil. Enquanto esquerdistas defendem a criação de um Estado palestino e denunciam o que seria um genocídio contra o povo palestino, direitistas ressaltam o direito de Israel de se defender contra o Hamas.

Na manifestação liderada por Bolsonaro na Paulista, era possível ver dezenas de bandeiras de Israel no público, além de o próprio ex-presidente ter carregado uma ao subir no caminhão de som. No ato do próximo sábado, são esperadas imagens semelhantes - desta vez, com bandeiras da Palestina.

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