BRASÍLIA — A quatro meses do término de seu mandato à frente da presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) apareceu, nesta segunda-feira (21), ao lado de seu indicado à sucessão, Hugo Motta (Republicanos-PB), na abertura de uma conferência do agronegócio em São Paulo. 

O encontro marca a primeira aparição pública dos dois depois que o presidente do Legislativo manifestou seu apoio à candidatura de Hugo Motta durante um almoço com líderes de sete partidos em setembro. 

Logo no início da participação nesse simpósio, Lira brincou que os deputados e representantes do setor que o antecederam adotaram tom de encerramento de mandato da presidência em seus discursos: "Um bom dia, por tudo que ouvimos, de bota-fora da presidência da Câmara". 

Citando nominalmente Hugo Motta em feito inédito até então, ele agradeceu o trabalho do colégio de líderes da Câmara dos Deputados nestes quase quatro anos em que permaneceu à frente da presidência.

"Nosso Hugo Motta, líder do Republicanos, aqui representando um colégio que respeitamos muito na Câmara. O trabalho de condução dessa presidência se deve muito à qualidade de seus líderes", disse. 

Antes de encerrar a curta declaração dirigida à plateia de representantes do setor de biocombustíveis, Lira se divertiu dizendo que estava "contando os dias" e "não contando os dias" para terminar o mandato. 

Até o almoço que firmou o apoio a Hugo Motta em setembro, Lira indicava a aliados que defenderia a candidatura do amigo Elmar Nascimento (União Brasil-BA). O cenário mudou depois de articulações e negociações com o Republicanos, que abdicou da candidatura de seu dirigente Marcos Pereira (SP) para lançar Motta como o nome do partido à presidência da Câmara. 

Ao contrário de Elmar Nascimento (União Brasil), nome que à ocasião encontrava restrições da esquerda à direita, Motta é um nome mais consensual — movimento que Lira deseja. Elmar se sentiu traído, como disse a aliados, e se uniu a Antônio Brito (PSD-BA), candidato mais progressista nesse pleito.

"Temos a legislação ambiental mais dura do mundo", diz Lira 

Lira acenou para o setor dos biocombustíveis, majoritário na conferência desta segunda-feira, e afirmou que a Câmara cumpriu "papel fundamental" na pauta da transição energética.

O presidente também elogiou a legislação ambiental e disse que a lei brasileira é rígida. "Temos a legislação ambiental mais dura do mundo", pontuou. 

A declaração contrapõe um movimento recém-feito pelo Palácio do Planalto, que enviou ao Congresso, na última terça-feira (15), um projeto de lei (PL) para endurecer as punições para quem comete crimes ambientais.

Esse gesto é uma resposta aos incêndios que devastaram os biomas brasileiros e poluíram as cidades neste segundo semestre. Há uma avaliação interna de que a lei não é suficiente para coibir os crimes ambientais.