BRASÍLIA - Os integrantes da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas devem votar nesta terça-feira (12) convites para depoimentos dos jogadores de futebol Luiz Henrique, do Botafogo, e Bruno Henrique, do Flamengo.
Luiz Henrique é suspeito de receber duas transferências bancárias de parentes do também jogador Lucas Paquetá. As transações teriam ocorrido logo após o jogador ter recebido cartões amarelos quando jogava pelo Betis, na Espanha, no início de 2023.
Já Bruno Henrique foi alvo de operação da Polícia Federal, na semana passada, que investiga se o atleta agiu de maneira deliberada para receber cartões em um jogo pela série A do Campeonato Brasileiro para beneficiar familiares em apostas esportivas.
O jogo sob suspeita é o Flamengo x Santos, em novembro de 2023. Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo aos 52 minutos do segundo tempo por tentar chutar Soteldo. Na sequência, foi expulso por reclamação ao juiz Rafael Klein.
Caso os convites sejam aprovados pela maioria dos senadores que integram a CPI, os jogadores não serão obrigados a comparecer. Eles só não teriam opção caso fosse feita uma convocação.
A CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas ainda tem outros oito requerimentos na pauta desta terça-feira. A sessão está marcada para começar às 14h30 e a votação dos requerimentos será o primeiro assunto da pauta.
Instalada em abril, a CPI teve seu prazo prorrogado até fevereiro de 2025. O colegiado, presidido pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), tem como relator o senador Romário (PL-RJ).
O objetivo é investigar atos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, dirigentes e empresas de apostas.
‘Rei do rebaixamento’ será ouvido
Na reunião realizada na segunda-feira (11), Kajuru afirmou que, nos próximos dias, o colegiado vai ouvir o empresário Willian Rogatto, preso na última sexta-feira (8) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Rogatto já foi ouvido pela CPI. No primeiro depoimento, ele afirmou que foi responsável pelo rebaixamento de 42 equipes, o que lhe rendeu o apelido de “Rei do Rebaixamento” e um faturamento de R$ 300 milhões.
O empresário foi preso pela Interpol em Dubai. Segundo Kajuru, ele vai depor à CPI um dia depois de chegar ao Brasil.
Ainda na segunda, Kajuru também classificou como uma vitória o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ter acatado uma sugestão dele para proibir a aposta em cartões amarelos ou pênaltis, sendo permitido apenas apostar no resultado da partida.
De acordo com o senador, Lula vai publicar um decreto proibindo esse tipo de aposta a partir de 1º de janeiro. Kajuru acredita que essas medidas poderão reduzir os casos de vício em jogos no país.
O senador ainda celebrou a operação VAR, que a Polícia Civil lançou no Rio de Janeiro na manhã da última segunda-feira. A operação tem como foco operadores de uma suposta manipulação de resultados de jogos de futebol da série B no Estado.
CPI das Bets deve ser instalada
O Senado deve instalar nesta terça-feira outra CPI que mira casas de apostas. A CPI das Bets foi criada para investigar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas on-line no orçamento das famílias brasileiras”.
Na reunião de instalação da comissão, marcada para 11h, serão eleitos o presidente e o vice-presidente do colegiado, que deve ter seu relator indicado em seguida. O número de integrantes da comissão será de 11 titulares e 7 suplentes.
O requerimento de criação da CPI, da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), foi endossado por outros 30 senadores e lido em plenário no dia 8 de outubro. O mínimo de assinaturas necessárias para a criação de uma CPI é de 27 senadores.
A CPI terá 130 dias para concluir seus trabalhos, com um limite de despesas de R$ 110 mil. De acordo com o requerimento, a CPI também vai investigar a possível associação das empresas de apostas on-line “com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades”.
A intenção, de acordo com Soraya Thronicke, é analisar a prática de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro, além da influência de personalidades brasileiras no funcionamento dos programas de apostas.
A suspeita é de que os softwares sejam programados para causar prejuízo aos apostadores e sempre garantir uma margem exagerada de lucro às empresas. A senadora também destacou o fato de o vício em jogos on-line ser silencioso, ao contrário do vício em álcool ou drogas ilícitas.