BRASÍLIA - A bancada do Partido Liberal (PL) garantiu apoio à deputada Carla Zambelli (PL-SP) no processo de cassação do mandato após condenação no Supremo Tribunal Federal (STF).
O líder do partido, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), por orientação do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, indicou que a legenda fechará questão sobre o tema, obrigando que todos os deputados da legenda votem contra a cassação.
Foragida na Itália, Carla Zambelli figura na lista de difusão da Interpol e pode ser deportada para o Brasil.
Nesta quarta-feira, parte da bancada do PL apresentou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a defesa de Carla Zambelli. Pelo rito, o colegiado terá cinco sessões para analisar e votar pela manutenção ou pela perda do mandato.
O passo seguinte será a análise do parecer, pela cassação ou não, pelos deputados no plenário da Câmara. A perspectiva é que a discussão se estenda ainda para o segundo semestre.
Antes da entrega da defesa à comissão, o líder do PL negou que o partido tenha abandonado Zambelli e disse que os deputados se mobilizarão para garantir a manutenção do mandato dela.
"Fecharemos questão com toda a bancada para votar pela manutenção do mandato da deputada Carla Zambelli. O PL não abandona nenhum dos seus soldados no momento da batalha", afirmou. "Vamos conversar com os líderes e estaremos ao lado da soldado ferida, nossa guerreira Carla Zambelli, com tudo que lhe é garantido", completou.
Sóstenes também minimizou as declarações anteriores da deputada, que negou ter recebido ligações de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele disse, ainda, que Bolsonaro reconhece a injustiça sofrida por Carla Zambelli.
"Ele a defendeu, falou que foi injusta a condenação dela", afirmou. "O presidente Valdemar jamais me daria uma ordem dessas [de fechar questão] sem estar devidamente alinhado com o presidente Bolsonaro", acrescentou.
A declaração de Sóstenes relativiza as indisposições recentes entre Zambelli e Bolsonaro. Nos últimos meses, o ex-presidente afirmou publicamente que o ataque da deputada contra um homem em São Paulo na véspera do segundo turno das eleições o atrapalhou.
Ele chegou a dizer que Zambelli "tirou o mandato" da chapa. "Aquela imagem da Carla Zambelli, da forma que foi usada, perseguindo o cara lá... Teve gente: 'olha, o Bolsonaro defende o armamento. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. Ela tirou o mandato da gente", declarou em março.
Sobre o processo que corre na Comissão de Constituição e Justiça, o novo advogado da deputada, Fábio Pagnozzi, afirmou que a Câmara precisa proteger Zambelli. "Esperamos que a CCJ faça o trabalho de salvaguardar as prerrogativas dos parlamentares. É muito mais do que a defesa de uma deputada, é a defesa da Câmara dos Deputados. Embasamos nossa defesa em questões jurídicas como o direito ao contraditório. Ela não pôde se defender", argumentou.