Conselho indigenista pede revisão de membros de comissão sobre yanomamis

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) pediu, nesta quinta-feira (23), que três senadores de Roraima sejam retirados da Comissão Externa Temporária do Senado que acompanha a crise no território Indígena Yanomami, no mesmo estado.

O colegiado foi criado no dia 15 de fevereiro e é composta pelos senadores Chico Rodrigues (PSB-RR), presidente da Comissão; Eliziane Gama (PSD-MA), vice-presidente; Hiran Gonçalves (PP-RR), relator; Humberto Costa (PT-PE) e Mecias de Jesus (Republicanos-RR).

O Conselho argumenta que os três representantes de Roraima, que formam maioria na comissão, teriam envolvimento na defesa do garimpo dentro da terra indígena.

“Mais do que falar do eventual conflito de interesses, resulta em evidências de que há intenção espúria por parte destes parlamentares de utilizar um mecanismo de controle e acompanhamento do Poder Legislativo para, com ele, defender a manutenção do garimpo como solução”, diz a nota do Cimi.

O órgão pede que os três parlamentares sejam substituídos ou que a própria existência da comissão seja reconsiderada para “evitar que um mecanismo importante seja instrumentalizado a serviço de interesses contrários à sua própria missão”.

Segundo o conselho, o senador Chico Rodrigues já foi acusado de ser dono de aeronaves que atuavam a serviço do garimpo na terra Yanomami, chegando a gravar um vídeo de si mesmo em um garimpo. 

“Particularmente, com relação à sua posição sobre o garimpo e sobre os povos indígenas, está absolutamente deslegitimado para compor e, muito menos, presidir uma Comissão Externa cujo objetivo é acompanhar a situação do povo Yanomami”.

Na última segunda-feira (20), Chico Rodrigues fez uma visita à terra indígena sem a presença de outros senadores. O Ministério Público Federal em Roraima cobrou explicações de Rodrigues. Ele ainda foi criticado por outros parlamentares, como Eliziane Gama, que classificou o ato como “má-fé”.

O conselho também faz críticas ao senador Hiran Gonçalves, que já teria dito que os povos indígenas eram “empecilho para o desenvolvimento do estado de Roraima”. Já Mecias de Jesus, foi classificado pelo Cimi como “ferrenho defensor da regularização do garimpo dentro das terras indígenas”.

Apesar de já ter sido criada, a comissão ainda não iniciou formalmente as idas ao território yanomami, em Rorama.

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