Ataque aos poderes

Danificada por vândalos, escultura de Athos Bulcão é restaurada e volta à Câmara

Painel em madeira, que fica ao lado da entrada do Plenário, foi projetado nos anos 1970 especialmente para o mobiliário arquitetônico do Legislativo, a pedido de Oscar Niemeyer

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 31 de janeiro de 2023 | 13:33
 
 
 
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Uma das mais conhecidas obras de arte da Câmara dos Deputados, que foi atacada nos atos criminosos de 8 de janeiro, o muro escultórico de Athos Bulcão voltou restaurado ao Salão Verde.

O painel, em madeira, que fica ao lado da entrada do Plenário, foi projetado nos anos 1970 especialmente para o mobiliário arquitetônico do Legislativo, a pedido do arquiteto Oscar Niemeyer, autor do projeto do Congresso.

Durante a invasão da Câmara por bolsonaristas radicais, que queriam uma intervenção militar, a peça foi amassada e sofreu danos em razão do alagamento do salão, provocado pelo acionamento dos sprinklers – dispositivos para combater incêndios.

Quem foi Athos Bulcão

Athos Bulcão era um artista de rara sensibilidade. Foi pintor, escultor e desenhista. Deixou sua marca inconfundível na construção da capital da República. 

Suas obras mais famosas são os painéis de azulejo e de madeira, com a modulação e o grafismo habilmente criados com base nas formas geométricas. 

Muitos estão expostos em corredores e fachadas de monumentos desenhados por Niemeyer, como nos edifícios do Congresso, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, no Palácio do Itamaraty, no Palácio do Jaburu, no Palácio da Alvorada, entre outros.

Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de julho de 1918. Ainda jovem deixou o curso de medicina para se dedicar às artes visuais.

Em 1958, com a transferência da capital para Brasília, a convite de Niemeyer, foi requisitado do MEC para a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Foi a oportunidade que esperava. Com essa parceria se tornou um dos principais artistas a desenvolver uma obra de arte integrada à arquitetura.

Athos Bulcão morreu em 2008, aos 90 anos de idade, no Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, devido a complicações do mal de Parkinson.

Senado volta a expor pintura danificada e arrancada da moldura

O Senado voltou a expor na segunda-feira (30) a primeira de 14 obras de arte danificadas durante a invasão de criminosos que depredaram as dependências do Congresso Nacional em 8 de janeiro. 

O quadro “Trigal na Serra”, de Guido Mondin, retornou à Sala de Recepção da Presidência da Casa. A peça em acrílico sobre eucatex mede 92 por 112 centímetros. 

Após os ataques, a tela, pintada em 1967, foi encontrada no chão, separada da moldura. Fragmentos de vidros quebrados durante a invasão e outros estilhaços provocaram arranhões e perda de policromia. 

A obra estava encharcada e empenada pela umidade, depois que os vândalos acionaram mangueiras e hidrantes de combate a incêndio.

A obra foi recuperada pelo Laboratório de Restauração do Senado. O trabalho de higienização começou logo após os ataques, ainda na Presidência da Casa. 

Ainda não há um cronograma definido para a restauração e a entrega de todas as obras danificadas. O custo total dos reparos pode chegar a R$ 1 milhão. (Com Agências Câmara e Senado)

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