Acampados nos quartéis

Deputado aliado diz a apoiadores que Bolsonaro não vai agir e eles serão presos

'O silêncio, pior que o silêncio, as frases e fotos enigmáticas, isso está fazendo tão mal ao povo, isso chega a beirar a covardia, manipulação do povo', afirmou Otoni de Paula sobre Bolsonaro

Por Lucyenne Landim
Publicado em 19 de dezembro de 2022 | 09:34
 
 
 
normal

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), avisou aos apoiadores que estão acampados em frente a quartéis que o mandatário não irá agir e que eles serão presos se não desmobilizarem. A declaração foi feita em entrevista ao Jornal da Cidade Online no domingo (18).

“Eu vou ser chamado de traidor por aqueles que acham que o presidente Bolsonaro vai agir, e eu, olhando na sua câmera, digo: não vai. E digo: não se iludam. E digo mais: saiam das portas dos quartéis, vocês serão presos e não haverá ninguém que os defenda”, afirmou.

O parlamentar criticou o presidente por publicar fotos ou se manifestar de forma "enigmática" e defendeu que Bolsonaro encerre a reclusão que tem feito desde a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 30 de outubro, e peça desculpas aos apoiadores por ter dado "esperança" de que continuaria no comando do governo.

“Assim como agora, subi na tribuna esta semana para pedir ao presidente que tome uma decisão e comunique essa decisão ao seu povo, seja qual for, mesmo que seja a mais triste e dolorosa de que nada será feito. Que ele diga ao seu povo que consultou o jurídico, tentou criar caminhos e não há caminhos. Quero pedir perdão por ter gerado esperança a vocês, mas, neste momento, me resta com altivez assumir meu papel de grande líder do país para que possamos nos soerguer nos próximos quatro anos”, destacou.

“O silêncio, pior que o silêncio, as frases enigmáticas, as fotos enigmáticas, isso está fazendo tão mal ao povo, isso chega a beirar – sei que a palavra é muito forte – a covardia, manipulação do povo. Ele não tem o direito de estar em silêncio ou liberar frases enigmáticas. O presidente Bolsonaro precisa falar claramente ao seu povo. Se ele não o fizer, sairá pequeno. Ele sofrerá a maior derrota de todas”, acrescentou.

Otoni de Paula citou que a situação entre os apoiadores do mandatário se torna mais grave porque há casais em processo de separação e pessoas perdendo o emprego. O acampamento em frente aos quartéis já dura cerca de 50 dias e conta com um pedido de "intervenção federal" com a permanência de Bolsonaro no poder. 

Ainda na entrevista, o deputado afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), "só está esperando o recesso parlamentar para nos prender, não tenho dúvida disso", em recado aos parlamentares. “Quem ele quiser prender. ele vai fazer isso com sorriso no rosto, o mesmo que ele deu quando disse que ainda tinha muita gente para ser preso e foi aplaudido”, acusou.

Otoni de Paula é alvo do inquérito que apura atos antidemocráticos. Ele já chamou Moraes de “lixo”, “canalha” e “esgoto do STF”. Na ocasião, em 2020, ele deixou a função de vice-líder do governo na Câmara após o episódio, mas retornou em abril deste ano.

O deputado também foi o responsável por intermediar o contato entre o presidente e os os irmãos do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, assassinado em julho deste ano pelo policial Jorge Guaranho durante sua festa de aniversário. Guaranho era apoiadores de Bolsonaro e invadiu a festa deixando clara sua posição política.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para as notícias dos Três Poderes.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!