O ex-deputado federal Marcus Pestana, um dos fundadores do PSDB, defendeu, em carta aberta aos membros de PSB, PDT, Cidadania e Solidariedade, o debate para a criação de um polo que reúna todas essas legendas, inicialmente em um bloco partidário, mas em uma discussão que possa evoluir até mesmo para a fusão das legendas em torno de uma única sigla. Segundo ele, isso poderia contribuir para o fim da polarização política, revigorando valores da social democracia que nortearam a fundação de sua legenda. Hoje, o PSDB já está federado ao Cidadania.
"O país mergulhou, nos últimos anos, em polarização política insana, onde adversários são convertidos em inimigos a serem exterminados. Os espaços de diálogo e construção de consensos se encurtaram. Jogamos ao mar o legado dos líderes da redemocratização, como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. As 'verdades alternativas' proliferam. O debate publico é eivado de preconceitos e idiossincrasias", reclama.
Pestana afirma na carta que a "extrema-direita ressurgiu com força superior às experiências históricas de Plínio Salgado e seus integralistas e de Carlos Lacerda e sua UDN" e afirma que Lula e o PT reafirmaram a "resiliência de sua trajetória" na última disputa eleitoral.
"O centro democrático vem experimentando grave esvaziamento desde 2018. Amplos setores partidários mergulham num ativo pragmatismo, pendulando entre as forças conjunturalmente hegemônicas e fazendo valer seu papel de fiéis da balança da governabilidade, dentro de um sistema eleitoral e partidário caótico, que dificulta a configuração de maiorias e minorias estáveis e sólidas", diz Pestana.
Para o político, o Brasil hoje carece de falta de agenda, o que exigiria uma tomada de posição por parte de líderes que ele considera progressistas.
"Creio que as lideranças do PSDB, Cidadania, PSB, PDT e Solidariedade deveriam abrir conversações visando criar um novo polo democrático e progressista, que evolua progressivamente de um bloco político-parlamentar – com 54 deputados federais, 10 senadores, um vice-presidente da República e 7 governadores - para uma federação partidária, e daí, para uma possível futura fusão, gerando um partido renovado, que recicle as boas tradições do trabalhismo, da socialdemocracia e do socialismo democrático, superando anacronismos e projetando um Brasil que resgate a dignidade e a esperança dos brasileiros", afirma.
Para Pestana, esse novo polo ajudaria a qualificar o diálogo com o governo petista e com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e com blocos já formados na centro-direita por MDB, PSD, Podemos e Republicanos e com a direita, unida no bloco PP, União Brasil e PL.
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