A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), defendeu que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, "termine quieto" seu mandato. Ela criticou as articulações políticas para que avance no Congresso Nacional uma proposta que dá autonomia financeira e orçamentária à instituição.
“O BC é uma autarquia. Vem o Campos Neto dizer que quer autonomia financeira. Ele quer ser o quê? Um banco privado? O Roberto Campos Neto já está no fim do mandato, devia terminar o mandato tranquilo. Acho que já está equivocado com a política de juros que ele mantém. Então, termina quieto. Não fica articulando com o Congresso”, disse Gleisi à CNN.
O BC tem autonomia apenas para executar políticas monetárias sem interferência do governo desde 2021, após decisão do Congresso Nacional. O tema foi alvo de embates do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de aliados do petista com Campos Neto. O presidente da instituição foi acusado de travar a queda da taxa de juros no primeiro ano do governo.
A lei também definiu em quatro anos o mandato do presidente do BC. Dessa forma, Campos Neto deixará o comando da instituição no final de 2024, após quatro anos de mandato e metade no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"A posição do PT sobre a autonomia do Banco Central já era contra desde aquele primeiro projeto. Porque o BC já teve autonomia. E agora tem mandato descoincidente com o presidente da República”, declarou Gleisi, ainda ao veículo.
A proposta que amplia a autonomia do BC está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e tem como relator senador Plínio Valério (PSDB-AM). Se aprovada em todas as etapas, ainda terá que ser analisada pela Câmara dos Deputados. Em meio às articulações, Campos Neto tem negociado com parlamentares o avanço da pauta.