Pestana elogia arcabouço fiscal: ‘mais criativo e correto que o teto de gastos’

O ex-deputado federal Marcus Pestana elogiou o novo arcabouço fiscal, que irá substituir o teto de gastos como a regra de contenção de despesas do governo federal. O texto foi aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados e deve ser analisado em junho pelo Senado.

Pestana vai assumir, em breve, a direção do Instituto Fiscal Independente (IFI), órgão vinculado ao Senado que faz análises periódicas sobre o cenário econômico do país. Em entrevista a O TEMPO, em Brasília, ele indicou acreditar que o novo marco fiscal é melhor que o teto, instituído no governo Michel Temer.

“Foi muito bem desenhado. É o arcabouço possível para substituir o teto de gastos. Acho ele mais criativo, dinâmico e correto que o teto, que eu fui um dos maiores defensores, porque a gente estava no fundo do povo depois de uma crise fiscal brutal que nos levou à maior recessão da história do Brasil. Mas ele só agia sobre despesa, não agia sobre receita e crescimento econômico”, disse.

Pestana, que se desfiliou do PSDB, partido do qual foi fundador, para comandar o IFI, apontou o arcabouço como o principal motivo pela melhora nas projeções do crescimento do PIB brasileiro em 2023. O Boletim Focus, divulgado nesta segunda (29) pelo Banco Central, aumentou a projeção do índice de 1,20% para 1,26%.

No entanto, o ex-deputado faz críticas a falas do presidente Luiz Inácio Lula da Siva (PT), enquanto elogia o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Tem muito de confiança conquistada com a votação do arcabouço fiscal. [...] As sinalizações do governo federal, particularmente do presidente Lula, têm sido muito confusas em relação à política econômica. A ação do ministro Haddad e a aprovação do arcabouço fiscal têm um grande papel nessa melhoria das expectativas”.

Pestana considera inoportunas as críticas de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Se ele quer que abaixe a taxa de juros, não dê uma declaração 48 horas antes da reunião pedindo para abaixar”.

Incentivo a carros populares

Marcus Pestana fez críticas à medida do governo Lula de promover incentivos à venda de carros populares, com redução de impostos nos veículos com preço de até R$ 120 mil. Segundo ele, essa política “já foi testada no passado, mas não gerou o resultado esperado”.

“Tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental, a medida está sofrendo várias críticas. Mas além de tudo, o lançamento foi inoportuno, porque foi na semana da aprovação do arcabouço [...] De nada adianta fazer uma política para 4 meses. Não vai ter impacto nenhum”.

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