Crise humanitária

Pró-garimpo, senador flagrado com dinheiro na cueca presidirá comissão Yanomami

No ano passado, Chico Rodrigues integrou a comissão do Senado que apurava violências contra indígenas praticadas por garimpeiros na Terra Yanomami

Por Renato Alves
Publicado em 16 de fevereiro de 2023 | 13:01
 
 
 
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O Senado criou uma Comissão Temporária Externa para acompanhar a situação dos Yanomami, que sofrem com a malária e a desnutrição. Para comandar o grupo, foi escolhido, na quarta-feira (15), o senador Chico Rodrigues (PSB). Eleito senador por Roraima em 2018, ele ficou famoso nacionalmente após ser flagrado com R$ 33 mil na cueca, em outubro de 2020. Também é ferrenho defensor do garimpo, atividade apontada como principal causadora da crise humanitária na terra indígena em questão.

Além de Rodrigues, integram a comissão Dr. Hiran (PP) e Mecias de Jesus (Republicanos), ambos senadores por Roraima e defensores do garimpo em terras indígenas. Os demais escolhidos para fazer parte do grupo são Elizane Gama (PSD-MA), e Humberto Costa (PT-PE). A comissão deve acompanhar presencialmente a saída dos garimpeiros das terras Yanomami no prazo de 120 dias.

No ano passado, Chico Rodrigues integrou a comissão do Senado que apurava violências contra indígenas praticadas por garimpeiros na Terra Yanomami. O parlamentar defendeu, em discursos, durante os trabalhos da comissão, o garimpo e a legalização da atividade em terras indígenas.

Apesar de ser senador por Roraima, Francisco de Assis Rodrigues, o Chico Rodrigues, nasceu em Recife, a capital de Pernambuco. Ele é casado e pai de três filhos. Engenheiro agrônomo, graduado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), com especialização em políticas públicas pela Universidade Católica de Pernambuco (UCP) e desenvolvimento rural e urbano, mora em Roraima desde 1982.

Desde então, o hoje senador, que está com 71 anos, trocou de partido político 12 vezes.

Antes de ser eleito senador em 2018, ele foi secretário estadual de Agricultura, vereador por Boa Vista (RR) e deputado federal por cinco mandatos consecutivos. Em 2010, foi eleito vice-governador de Roraima. Em 4 de abril de 2014, assumiu o governo do estado, após o governador Anchieta pedir afastamento.

Chico Rodrigues ganharia notoriedade seis anos depois, ao ser flagrado pela Polícia Federal, em outubro de 2020, com R$ 33 mil na cueca, durante uma operação contra corrupção. Parte das notas estavam “nas nádegas”, conforme relatório da PF. 

Ao todo, federais encontraram R$ 100 mil em espécie na casa do senador. Na operação, a PF também encontrou o que parecia ser uma pepita de ouro. Apenas dias após a operação, o parlamentar alegou que o dinheiro encontrado pela PF era para pagar empregados.

Então filiado ao DEM e vice-líder do governo de Jair Bolsonaro, o parlamentar era acusado de desviar recursos que seriam destinados ao combate da covid-19 em Roraima. Após ser pego com notas de reais na cueca, ele pediu afastamento do Senado por 121 dias. Voltou ao cargo em fevereiro de 2021.

A PF indiciou o senador por peculato, lavagem de dinheiro, tentativa de obstruir investigações e advocacia administrativa (quando um servidor público usa o cargo para defender interesses pessoais). O caso ainda não foi julgado. O processo tramita sob segredo de Justiça. 

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