Câmara

PT, PCdoB, PV e PSB confirmam apoio a Lira em busca de governabilidade de Lula

Lira disputará recondução ao comando da Câmara em 2023; preocupação com ampla bancada de deputados eleitos aliados a Bolsonaro motivou acordo

Por Lucyenne Landim
Publicado em 29 de novembro de 2022 | 17:43
 
 
 
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As bancadas do PT, PCdoB e PV, que formam uma federação, e do PSB decidiram confirmar apoio à recondução de Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara dos Deputados. A decisão foi tomada por parlamentares do partido em reunião nesta terça-feira (29) e tem como símbolo a busca de um acordo pela governabilidade do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Nós decidimos pelo apoio à reeleição do presidente Arthur Lira, compreendendo que nós temos uma agenda de país e de reconstrução do Brasil. O próprio presidente Arthur Lira foi o primeiro a reconhecer a legitimidade das urnas e do voto popular e nós entendemos que é fundamental essa estabilidade institucional", explicou o líder do PT, deputado Reginaldo Lopes (MG).

"Nós compreendemos que é possível construir um bloco de governo que possa dar ao país e ao presidente Lula estabilidade, governabilidade, uma base sólida para implementar aquilo que foi contratado pelo povo brasileiro nas urnas no dia 30 de outubro", acrescentou.

Lira é aliado do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que é o maior adversário de Lula e saiu derrotado para o petista nas urnas. O cenário desfavorável a Bolsonaro, no entanto, não se repetiu no Congresso Nacional. A bancada do PL será a maior da Câmara em 2023, com 99 deputados. Juntos, Republicanos e PP - que coligaram com o PL nas eleições - somarão mais 88 deputados. Já a federação PT, PCdoB e PV contará com 80 deputados totais.

O quadro implica em dificuldade para Lula conseguir avançar em debates considerados essenciais para o futuro governo, com uma ampla oposição para enfrentar quando for necessário apoio dentro do Congresso. Por esse motivo, o apoio a Lira em troca de governabilidade se faz importante para o PT. A eleição para presidente da Câmara será em fevereiro, logo após a posse dos novos parlamentares eleitos.

A coligação do PP com o PL de Bolsonaro foi, inclusive, um dos entraves na discussão e na busca de adesão ao apoio da federação a Lira. O presidente da Câmara já havia negociado cargos na Mesa Diretora e em comissões decisivas, como a de Constituição e Justiça (CCJ). Para firmar o apoio, o PT pleiteou o comando da CCJ no próximo ano e a Comissão Mista de Orçamento (CMO) para um de seus filiados ou de partidos a quem faz acordos.

De acordo com Reginaldo Lopes, o apoio acontece exclusivamente a Lira, e não ao PP. "Nós estamos definindo apoio ao Arthur Lira, não ao PP. Nós estamos defendendo uma agenda política de reconstrução do Brasil. É bom lembrar que o Arthur Lira foi o primeiro a reconhecer a legitimidade da eleição do presidente Lula e do voto popular e tem postura colaborativa para uma pauta de reconstrução do Brasil. Então se ele tem convergência, concordância, quer estabilizar o país e trazer aquilo que foi contratado nas urnas, ele é o nosso candidato à presidência da Câmara", frisou.

"A palavra aqui é de pacificação, de unidade, de sintonizar que todos nós estamos marchando juntos. Vai esse conjunto que está aqui, do PSB, da federação do PT, do PV e do PCdoB, ampliar essa base política para dar governabilidade e estabilidade ao presidente Lula, para a gente fazer um grande governo e que todas as propostas que foram pactuadas na eleição, nós possamos cumprir", destacou o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que assumirá a liderança do PSB na Câmara a partir de fevereiro.

O apoio dos partidos a Lira acontece, ainda, em um momento em que os integrantes da transição de governo articulam a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que abre o orçamento de 2023 para que Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) cumpram promessas de campanha.

O projeto pede a retirada da regra do teto de gastos públicos por quatro anos das despesas com o Bolsa Família - em substituição ao Auxílio Brasil - com parcela de R$ 600 e o valor extra de R$ 150 para famílias com crianças de até seis anos. Depois de entraves, a PEC foi apresentada na segunda-feira (28).

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