Irregularidades

Contrato de jato de Campos não tem comprador 

Redação O Tempo


Publicado em 01 de setembro de 2014 | 22:05
 
 
 
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São Paulo. A proposta que selou a compra, por US$ 8,5 milhões (R$ 19 milhões), do jato que caiu com o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) não cita nome nem informações sobre quem adquiriu a aeronave e não foi registrada em cartório. O documento traz só uma assinatura ao lado do local e data da proposta de compra (Recife, 15 de maio de 2014), o que não é usual para um negócio de quase R$ 20 milhões.

O empresário pernambucano que foi apresentado pelo antigo dono do jato como o comprador, João Lyra de Mello Filho, recebeu da reportagem uma cópia do documento, mas não quis comentar se a assinatura era dele.

João Lyra é dono de uma financeira em Recife, já foi multado por lavagem de dinheiro e não tem capacidade financeira de assumir uma dívida de US$ 8,5 milhões, segundo a Cessna.

O fabricante do jato recusou o nome dele para herdar o financiamento por falta de capacidade econômica. No contrato, o comprador se dispõe a pagar “todos os custos operacionais diretos e fixos da aeronave”, incluindo manutenção e salários dos pilotos.

Os vendedores do jato, Alexandre e Fabrício Andrade, são os donos do grupo A. F. Andrade, de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), que já teve a maior usina de álcool no país, mas está em recuperação judicial, com dívidas que somam R$ 341 milhões.

CAIXA DOIS. A ausência do nome é um indício de que o jato pode ter sido comprado com recursos de caixa dois de empresários ou do partido, segundo policiais citados pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Segundo essa hipótese, o comprador não colocou o nome na proposta de compra porque sabia da suposta ilicitude do negócio.

O “Jornal Nacional” revelou na última semana que empresas-fantasma e uma peixaria foram usadas para fazer pagamentos no total de R$ 1,7 milhão para os donos da aeronave. O PSB tem repetido, por diversas vias, que os eventuais problemas são de quem comprou o jato, não do partido.

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