Relatório da Controladoria Geral de Minas Gerais (CGE-MG) aponta excesso de serviços prestados nas Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) em seis cidades do Estado, o que causou um gasto a mais de R$ 6,2 milhões apenas em 2017. No documento, a Controladoria Geral recomenda que o governo de Minas reveja os serviços oferecidos, principalmente pela crise financeira que assola os cofres do Executivo. A ação pode diminuir a quantidade de atendimento.
O documento mostra, por exemplo, que UAIs em Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Uberlândia e Varginha disponibilizam serviços que são de responsabilidade da Polícia Federal, como emissão de passaporte e registro e entrega de porte de armas.
O relatório mostra que os gastos com a Polícia Federal foram de R$ 3,4 milhões em 2017. Durante levantamento dos dados, a equipe da CGE-MG questionou a Secretaria de Estado de Planejamento (Seplag) quanto à possibilidade de interrupção da oferta.
A pasta, então, disse que a emissão de passaporte é um serviço importante para o cidadão e por isso a intenção era manter a oferta nas UAIs. Segundo o levantamento, em um ano, foram emitidos 160,1 mil passaportes nas cinco cidades. “Caso o convênio seja mantido, seria interessante ao menos reduzir os serviços oferecidos, como já acontece nas unidades de Uberlândia e Varginha”, diz trecho do relatório de auditoria.
O segundo maior gasto nas UAIs foi com inscrição e emissão de CPF, ocom um total de 88.316 atendimentos nas mesmas cidades, incluindo a unidade de Betim. Foi gasto R$ 1,5 milhão com o serviço. A Seplag, mais uma vez questionada, disse que o atendimento “é serviço básico para cidadania de prestação gratuita”.
Para a Controladoria Geral, no entanto, “o serviço também é ofertado gratuitamente pela internet aos cidadãos de 16 a 25 anos que possuam título de eleitor”. Neste caso, a controladoria sugeriu a possibilidade de restringir a oferta.
As UAIs também fornecem serviços considerados de responsabilidade de Cemig, Copasa e Copanor, como emissão de segunda via para pagamento. Para a CGE-MG, a Cemig e a Copasa disponibilizam amplo serviço online, por telefone ou presencialmente em suas agências regionais. Para atender serviços das estatais, o governo gastou R$ 85,5 mil em 2017.
O relatório aponta também que as UAIs realizam atendimentos de responsabilidade de Junta Militar (governo federal), Tribunal Regional Eleitoral (Poder Judiciário) e Procon (Ministério Público).
Negociação
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplag) afirmou a O TEMPO que recebeu o relatório da Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais (CGE-MG) e já negocia com órgãos para compartilhamento de custos dos serviços oferecidos nas UAIs. Caso consiga acordo, os cidadãos não terão prejuízo na procura pelo atendimento.
A pasta também trabalha para digitalizar serviços. “A Seplag tomou conhecimento das conclusões do estudo e negocia com órgãos parceiros o compartilhamento de custos dos serviços. Além disso, a Seplag tem adotado medidas para simplificação e digitalização dos serviços, com foco na melhoria do atendimento e na redução de custos”, disse a nota enviada pela assessoria.
Quais serviços podem diminuir no programa UAI?
Total em 2017: R$ 6.219.867,29
Quais cidades foram avaliadas:
Betim,Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Uberlândia e Varginha
Demandas em 2017:
Previsão: 1.260.693
Realizados: 1.734.049
Gastos em 2017:
Previsão: R$ 21.898.237
Realizados: R$ 30.120.431