A decisão da Executiva nacional e do diretório estadual do PSB de desistir da pré-candidatura própria ao governo de Minas para apoiar o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) rachou o partido no estado. O anúncio oficial do apoio é esperado em evento marcado para a próxima segunda-feira (4), na sede do partido em Belo Horizonte, com a presença de Kalil, o presidente nacional do partido Carlos Siqueira, o dirigente estadual Vilson da Fetaemg e do ex-ministro Saraiva Felipe (PSB), que desistiu da sua pré-candidatura ao Palácio Tiradentes.
Saraiva Felipe anunciou a pré-candidatura no mês passado, mas cedeu a pretensão após encontro com Siqueira e Geraldo Alckmin (PSB), que ocupa o posto de vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante esta semana.
De acordo com Saraiva, um dos motivos da resistência de parte dos deputados da sigla para apoiar Kalil é que os pré-candidatos defendem que uma chapa própria atrairia mais votos para as disputas legislativas.
“Uma ala do PSB mineiro ficou entusiasmada com a possibilidade de uma candidatura própria. Os candidatos a deputados federais e estaduais viram na candidatura uma forma de conseguir mais votos da legenda. Em eleições anteriores, quando o PSB de Minas Gerais teve candidatura própria, o número de votos da legenda para cargos legislativos foi cinco vezes maior do que quando o partido não teve candidatura ao Governo do Estado”, afirma Saraiva.
Mas, esse não é o único motivo de resistência interna na sigla. O deputado estadual Bernardo Mucida (PSB) afirma que parte da bancada do partido se identifica com o principal adversário de Kalil no pleito, o pré-candidato à reeleição ao Governo, Romeu Zema (Novo), o que criaria a possibilidade de um “Lulema” dentro do PSB. Isso porque, no âmbito nacional, há consenso do partido em apoiar a chapa do petista e de Alckim à Presidência. “Realmente, tem uma parte da bancada estadual que tem alinhamento maior com o governador Zema”, diz.
O deputado se inclui neste grupo. "Minha preferência pessoal seria ‘Lulema’, mas não falo em nome do partido”, diz. O deputado lembra que o movimento inusitado de apoiar candidatos à Presidência e ao Governo divergentes da orientação partidária já aconteceu em Minas.
“Existe a possibilidade de ‘Lulema’, o mineiro já fez isso em outras eleições, o eleitor fez o ‘Lulécio’, o eleitor mineiro não segue direcionamento de partido, ele vota pelo entende o que é melhor para o país”, diz. Ainda assim, Mucida confirma presença no evento de oficialização do PSB a Kalil na próxima semana afirma que está disposto ao diálogo.
Já o presidente estadual do PSB, o deputado federal Vilson da Fetaemg, é categórico sobre a resistência dos correligionários. “É uma decisão tomada. A direção nacional e estadual têm autonomia para decidir. Não vai ter brincadeira no partido, não pode chegar agora e achar que manda”.