Legislativo estadual

Deputados batem boca na ALMG após morte de Kathlen Romeu

Andréia de Jesus disse que operações policiais têm viés racista; deputado bolsonarista Coronel Sandro a mandou estudar

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 10 de junho de 2021 | 16:39
 
 
 
normal

A deputada estadual Andréia de Jesus (PSOL) criticou na última quarta-feira (9) a política de segurança pública do Brasil e de Minas Gerais. Após pedir um minuto de silêncio pela morte da jovem de 24 anos Kathlen Romeu durante uma operação policial no Rio de Janeiro, a deputada disse que a segurança dos jovens negros e de quem vive na periferia não está garantida. Kathlen estava grávida.

“Essas operações não têm nada de inteligência. Muito pelo contrário. Usam um viés racista e continuam matando trabalhadores e trabalhadoras”, disse a parlamentar, que participou de forma remota da reunião ordinária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “A política de segurança pública que está vigente em nosso país, e que não é diferente aqui em Minas, é genocida. A gente convive com a morte diariamente”, afirmou.

O deputado estadual Coronel Sandro (PSL), que fez carreira na Polícia Militar, rebateu a fala sem se referir ao nome de Andreia de Jesus em nenhum momento. “Essa deputada que se manifestou sobre o genocídio da segurança pública em Minas Gerais, acho que ela está muito mal informada, ela deveria estudar mais, deveria conhecer a Polícia Militar de Minas Gerais para não dizer uma asneira dessa aqui em plenário”, disse.

Apesar de Andreia de Jesus ter criticado a morte de jovens negros e da população periférica, Sandro disse que a polícia só mata bandidos. “Essa deputada disse que estão sendo exterminados jovens que seriam o futuro do Brasil. Olha, pelo amor de Deus, a polícia militar só mata bandido se for necessário. Se for em legítima defesa”, acrescentou.

“Sei que o povo de bem, quem não é marginal, quem não é bandido, tem uma grande admiração pelos nossos policiais e sabe que eles não têm nada de genocidas”, disse o deputado Bruno Engler (PRTB), que acabou entrando na discussão.

Após o ocorrido, Andréia de Jesus disse que parlamentares homens acostumados ao silêncio das mulheres negras não suportaram as denúncias feitas por elas. “Extremistas me mandaram estudar! Sou Preta, Advogada! Não me calarão!”, escreveu nas redes sociais na quarta-feira (9) após o ocorrido.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!